O Projeto "Um Quilombo de Baobás" idealizado pelo Instituto Raízes de Áfricas tem como princípio substantivar os quilombos como territórios sagrados de histórias e geografia de lutas.
E nada mais significativo do que o plantio da árvore sagrada, referendada nas culturas africanas tradicionais, como forma da lembrar que precisamos enraizar nossas energias ancestrais e cuidados, no território. Além, o Baobá carrega a conexão entre o espaço da existência humana e território da sacralidade.
E, como um jeito de semear a terra, cuidar, regar, esperar , crescer e colher, na manhã da quarta-feira do janeiro de 2022 o Instituto Raízes de Áfricas e o Coletivo Cultural Quilombos de Saias fizeram o plantio de um Baobá.
-"A gente tem poucos recursos, mas, coragem de enfrentar as lutas a gente tem de sobra, E plantar essa árvore é como falar em liberdade"-afirmou Kelly Damasceno, presidente do Coletivo.
A Comunidade Remanescente Quilombola Lagoa do Algodão, certificada pela Fundação Cultural Palmares, portaria nº 162, de 21 de dezembro de 2010, fica cerca de muitos e seculares kms distantes da zona urbana de Carneiros, uma cidadezinha do sertão alagoano. São em torno de 70 famílias.
Para chegar até lá, a gente passa por paisagens desérticas de arborização, e aí (pelo-amor-de-Deus!) a quentura do clima pega fogo.
No Quilombo Lagoa do Algodão é frequente a deslocação forçada de pessoas (geralmente vão para São Paulo, em busca de emprego) e todas as consequências resultantes desse processo de “imigração” para uma grande capital.
No território não tem água potável, bebível, banhável, nas torneiras e para outras utilidades, como direito essencial.
No Quilombo do Algodão a estrada de barro levanta uma poeira tão densa, que embaralha a noção de caminhos, como se fosse uma espécie de apagamento institucional em torno do território e o plantio do Baobá desperta a essência da colheita.
O Projeto “Um Quilombo de Baobás" conta com o apoio da deputada Jó Pereira e do secretário de estado da comunicação, Ênio Lins, que hoje nos cedeu a equipe de apoio, o Diego que dirigiu até o Quilombo e o Thiago, o fotografo da ação.
É um projeto feito metáfora sobre afetos, geografia de ocupação, unidade de luta e ações afirmativas.
O primeiro Baobá foi plantado em 8 de janeiro, no Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, União dos Palmares.