Litoral norte de Alagoas. O retratista e o casal estão no mirante da praia de Carro Quebrado, Ilha da Croa, município de Barra de Santo Antônio. Aqui bem perto de Maceió. Estão presos por cabos de aço. A estrutura de madeira foi erguida sobre o precipício, na ponta do morro que desliza em paredão até a areia. É uma região de falésias. Praticamente impossível escapar do superlativo diante do cenário. Como se dizia antigamente, é coisa de cinema. Viajante... Andando sem rumo por essas bandas, vi de perto que o turismo voltou com tudo após o colapso decorrente da pandemia de Covid.

Aqui, nesse pedaço de natureza indescritível, estamos numa propriedade particular. Pois é. Para ter acesso de carro, a facada é de no mínimo 15 reais. Preços variam de acordo com o tamanho do veículo. Para escalar o elevado de madeira que flutua sobre o nada, paga-se mais um trocado. Durante o tempo em que fiquei no mirante, a Polícia Militar marcava presença, com uma viatura e quatro policiais. Parece haver um entrosamento sem ruídos entre público e privado. Mas esse é outro assunto.

Turismo. Economia. Emprego. É inegável que os negócios estão em ritmo de altíssima temporada – a julgar pelo que se vê em diferentes cidades. Tem agitação pra todo lado, à beira-mar com o sol, nos bares com a noite. As pousadas e os hotéis estão com ocupação dos melhores tempos. Funcionários de diferentes estabelecimentos confirmam a intensa retomada do segmento. 

E mesmo com a badalação internacional de São Miguel dos Milagres, é possível falar em praia deserta. Aliás, deveria escrever no plural. São quilômetros de areia, e não se vê quase ninguém. O acesso não muito fácil explica, em parte, por que a fama não degenerou em turismo predatório. Existem, claro, os points disputadíssimos, coisa sempre problemática. 

De Paripueira a Maragogi, passando por Passo de Camaragibe e Porto de Pedras, além dos cantos já citados, o vai e vem da turistada impressiona. Falo de lugares por onde acabei de andar. Com aquele cenário na cabeça, lembrei que a exploração sustentável do turismo é desafio gigante para todos, em especial para gestores públicos.

Minha impressão é que esse pedaço do litoral norte parece viver uma transformação mais profunda, sem precedente. Mas isso também já seria outro assunto.