Na caminhada matinal observo o homem preto, maltrapilho, portando, apenas uma bermuda cinza.

Respira solidão!

Ele  atravessa a rua,  numa prosa contínua com o tempo,  e as palavras, inquietas,  rolaram no vento e chegam até mim.  A  voz alterada, ensandecida  do homem chamou atenção, conversava com a própria essência.

Desacelerei o passo e fiquei espiando de longe. 

O homem que portava um saco plástico, desses de supermercado, atravessou a rua cambaleante, ajeitou-se numa esquina de parede e sossegadamente acendeu seu cachimbo de crack.

Em um momento , envolvida com o movimento do mundo, perdi-o de vista, após avistei-o apanhando uma flor branca, desfalecida, esquecida, na calçada 

O homem, dentro de sua loucura, recolheu a flor,  aspirou seu perfume , e , com cara de contente, seguiu, espalhando sua  prosa, por invisíveis, universos.

Qual o valor que tem a vida?

Em um domingo no bairro nobre da cidade turística e segregadora.