Impressionante e elogiável a conduta da ex-senadora Heloísa Helena. É dela a aceitação e sugestão para que seu partido, Rede, libere os seus militantes diante da divisão interna sobre apoiar e se aliar a Lula (PT) ou Ciro Gomes (PDT).
O partido está dividido entre o grupo do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) , que defende o apoio ao presidenciável do PT já no primeiro turno e o de Marina Silva (Rede-AC), citada inclusive pra ser vice de Ciro.
''Alguns dos nossos mais queridos parlamentares, como Randolfe e Túlio [Gadêlha] (PE), querem apoiar Lula. Eu e outros [queremos dar apoio] ao Ciro. Então vamos ter muita paciência revolucionária de não criarmos problemas internamente, pois a nossa unidade interna é infinitamente mais importante diante da duríssima batalha que vamos enfrentar", afirmou Heloísa.
Mas no posicionamento de HH parece que há um cálculo político correto também alimentado por uma mágoa.
É que há necessidade de a sigla eleger mais de dez deputados federais para superar a cláusla de barreira - ''dispositivo legal que restringe ou impede a atuação parlamentar de um partido que não alcança um determinado percentual de votos''.
Quanto a mágoa, Heloísa, que foi eleita senadora pelo PT em 1998 e expulsa em 2003, disse a Julia Chaib, da Folha de S. Paulo, ''que já foi vítima do 'marketing da pistolagem'", mas prefere "não esquecer o nome dos mandantes que pagam e se beneficiam politicamente desses crimes''.
O problema é que o pensador e executor do dito "marketing da pistolagem" nos governos e nas campanhas eleitorais petistas agora é o atual chefe da propaganda de Ciro Gomes, o marqueteiro João Santana.
Heloísa age como conciliadora, mas não esquece 'a pancadaria do passado'.