T. é uma pretinha  muito linda, com  expressivos olhos e  os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira., ( me fez lembrar Iracema, de José de Alencar)

T. estava em uma barraca do Mercado da Produção, em Maceió, entre frutas e hortaliças. Quando me aproximei foi logo  oferecendo o produto.:- São dois reais-falou desenvolta, mostrando o maço de coentro e cebolinha.

Olhei para menina, na manhã de um dia quente do verão abrasador da capital Maceió,  e me deu um cansaço social  ao vê-la ali, fazendo parte de uma paisagem de adultos que pelejam para ganhar o pão de cada dia. 

( dizem que toda criança merece ter infância, né?)

Perguntei a T, a idade (miúda para os 8 anos) se estudava, afirmou que sim,  e outras dessas perguntas clichês que a gente faz para aliviar a consciência.

T. não estava só, o pai a observava na barraca ao lado:- Melhor do que está em casa fazendo nada.

E, nessa pedaço de conversa aparece uma outra criança comercializando o mesmo produto, e T, esperta ralha com ele:- Saia daqui essa freguesa é minha.

Comprei um maço de coentro e cebolinha das mãos da T, de 8 anos, por 2 reais.

 É trabalho infantil, ou não?