Manhã de quinta-feira. Ela me interceptou o caminho. Uma mulher preta, como eu, já abandonando a juventude, o rosto espelhando cansaço. Estava insegura , buscando localizar um endereço salvo no celular.

Li o que me pedia e  disse-lhe como chegar, mas, ao vê-la um tanto perdida , percebi que faltava leitura das letras, decidi acompanhá-la na caça ao endereço.

Éramos duas mulheres pretas, no passeio do bairro nobre, procurando um endereço, porque uma das pretas tinha precisão de trabalhar em casa de família. E o ofício fora ensinado por sua  mãe, que aprendera com avó, e etc e tal.

Não foi difícil encontrar o imóvel. Deixei-a na porta do edifício, alertei-a sobre o número do apartamento. Ela, observou,atentamente, silenciosamente, o lugar e depois me agradeceu com um Deus te proteja.

Não vi contentamento exposto em seus olhos.

Retornei a caminhada  para casa, no mesmo bairro que a preta iria trabalhar, carregando a lembrança do discurso que minha mãe  repetia, repetia,repetia, como um mantra:- estude para não terminar na cozinha d@s branc@s.

É isso!