Luanda Belchior, de 16 anos, é filha de dois grandes ativistas,companheir@s de luta paulistas, Debora Adão e Douglas Belchior, um cabra potente, ativista social, militante do Movimento Negro e da educação popular, o cabra da Uneafro Brasil e dos cursinhos populares.
E por ser filha de duas feras, a menina não nega a raça e vem construindo, no correr da adolescência, um olhar próprio sobre o exercício da militância.
Luanda leu Quarto de Despejo e Quarto de Despejo é um livro forte, desses que arranca o estômago pela boca, principalmente se for a pessoa for preta, e foi o livro de Carolina Maria de Jesus que Luanda presenteou Lula, com dedicatória e tudo.
Douglas Belchior, o pai, foi o mensageiro e mesmo na correria da atividade, o ex-presidente, parou para ler a dedicatória de Luanda.
Quarto de Despejo é o Brasil nu. O Brasil da exclusão. O Brasil pornográfico que potencializa a fome, em seus sentidos, mais profundos, como moeda de troca.
O que Carolina conta no livro, fatos ocorridos entre (entre 1955-1960). é uma realidade ainda bem, cruel,potencializada na fome das barrigas inchadas de crianças desnutridas,de meninas buchudas, em gravidez prematuras, das mulheres de corpos exaustos na luta pela sobrevivência, nos barracos de papelão espalhados pelos submundos da cidadania de 2,3 categoria. A cidadania ofertada para pret@s.
O racismo é atemporal!
Quando você estiver lendo Quarto de Despejo, Lula grife favela do Canindé que retrata os inúmero e invisíveis territórios marginalizados e subalternizados, do país.
E por falar em invisibilidade de territórios, um dia te apresento os quilombos das Alagoas de Palmares, mesmo sendo os mais pobres entre os pobres do Brasil todinho (na terra do referenciado Quilombo dos Palmares, Zumbi, Aualtune e etc e tal), os jeitos e maneiras das comunidades carregam a nossa resiliência ancestral.
Ubuntu!
Quando terminar de ler o livro de Carolina, Lula, essa ativista das Alagoas vai te enviar um agrado literário para que você possa se debruçar e tomar conhecimento de outros e novos potenciais talentos, feito Carolina.
É Odo, o Livro Preto de Poesias é a primeira obra no gênero no Brasil, impressa em 2019 e ainda não lançada.
Odo, em iorubá, quer dizer juventude.
Odo é um livro escrito por menin@s que moram em assentamentos do MST, favelas, meninos socioeducativos, vendedores de picolés, menin@s de terreiros, das periferias alagoanas.
Menin@s poetas, pret@s, periféricos.
Escritor@s que desbravam o cotidiano difícil e são ostensivamente ignorad@s, igualzinho Carolina,( sabe como é literatura de pret@s não tem valor ,de mercado, na república de Palmares).
O racismo é um camaleão poliglota!
Odo, o Livro Preto de Poesias manda um recado urgente e, obviamente escurecido, para o sistema politico do país : enquanto houver racismo, a democracia é uma mera obra de ficção.
Leia ODO,Lula. Essa ativista garante que você vai gostar.
Boa leitura!
Salve, Luanda Belchior!