Enquanto, nos bastidores políticos alagoanos, os principais caciques e líderes partidários tentam definir quais serão os candidatos na disputa majoritária deste ano, há um dado nas pesquisas de intenções de votos que estão sendo feitas em Alagoas que revela um algo interessante: quase todos os institutos mostram que, quando somados os brancos, nulos e os que não sabem em quem votar, temos aproximadamente a metade dos eleitores do Estado.
Às vezes um pouco mais; às vezes um pouco menos que a metade.
Em todo caso, isso é fruto do vácuo de lideranças naturais, com capilaridade eleitoral previamente conquistada por conta da relação com o público-alvo. Essas, em Alagoas, quase não existem.
Muito disso reflexo da ausência de renovação na política alagoana. Quando algo se renova é muito mais pelo marketing que necessariamente pelo conteúdo.
Não por acaso, o MDB do governador Renan Filho – que esteve no comando do Palácio República dos Palmares por oito anos – não consegue apresentar sucessor.
Tal fato não se dá apenas agora.
O ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) também passou oito anos no Palácio República dos Palmares e deixou a cadeira sem conseguir apresentar um sucessor.
De lá pra cá, o ninho tucano encolheu em Alagoas, e agora tenta crescer com o senador Rodrigo Cunha (PSDB), que se encontra entre os cotados para disputar o governo do Estado.
Sem lideranças, sem projetos para o futuro a não ser a disputa pelo poder, sem valores ou linhas ideológicas definidas, os nomes que se apresentam para disputar o Executivo estadual, no cenário atual, são frutos de um fisiologismo que permite as alianças políticas mais esdrúxulas em nome do objetivo final: a principal cadeira do Executivo estadual.
É assim que nasceu a candidatura do deputado estadual Paulo Dantas (MDB), que foi uma peça “surpresa” nesse xadrez colocada pelo presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, Marcelo Victor (Solidariedade). Marcelo Victor conquistou a posição que conquistou hoje porque o poder não deixa vácuo. Ao líder solitário Renan Filho sobrará, muito provavelmente, ser conduzido pelas circunstâncias e não mais conduzir o processo.
Fora do grupo majoritário dos deputados estaduais, o parlamentar Antônio Albuquerque (PTB) também tenta se viabilizar.
O vácuo é tão grande que, no último mês de 2021, outros nomes já se lançam, nos bastidores, como possibilidades. O prefeito de Pilar, Renato Filho (PSC), se encontra entre estes. O ex-prefeito Rui Palmeira – agora no PSD – também. Todos eles com possibilidade de alianças que envolvem o governador Renan Filho e/ou o presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Arthur Lira (Progressistas).
Aquele que se elegeu senador com o discurso de maior independência dos caciques postos no xadrez político de agora, o senador Rodrigo Cunha, não possui ainda a certeza sequer do apoio do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PSB), o seu principal parceiro político nos últimos anos. É que há até a possibilidade de, diante da ausência de líderes, JHC tentar se catapultar ao governo.
Todavia, entre tantos nomes, significativa parte dos eleitores alagoanos – pelo visto nas recentes pesquisas eleitorais – ao observar o que o tapetão da política constrói artificialmente não se enxerga representado por nenhuma dessas lideranças.
Evidentemente que, quando os cenários foram consolidando, os que agora somam entre indecisos, brancos e nulos, devem migrar para alguma das candidaturas postas. Porém, como tudo vira disputa de poder, eis que o critério, diante do que o xadrez político alagoano empurra goela abaixo, será a resposta para a seguinte pergunta: “E agora? O que é menos ruim? Qual será a menor tragédia?”.