Faz boquinha da noite da quarta-feira, e essa ativista recebe um  pedido de ajuda quase uma súplica de uma pessoa  ( que conheci em uma visita ao território periférico) para comprar “o de comer” no conter a fome torturante e aguda.

São 4 filh@s- conta..

E fala em frustração, dor, uma revolta claustrofóbica.

Fala que esses tempos de fome parece que nunca acabam. 

É feito castigo, sabe?-afirma.

Além da fome,  que consome a dignidade da pessoa, tem a sensação da impotência, de não saber o que fazer, não acho emprego, às vezes dá vontade de dar fim a tudo isso- diz constrangida, com a voz borrada nas bordas..

A pessoa , que tem fome coletiva, carrega um desespero social, invisível o ano todo. 

É uma pessoa que expõe os estereótipos da pobreza no estado de Palmares: preta, pobre, periférica que faz tempo está na peleja, dessa  história repetitiva, entra governo, sai governo.

E não foi um temporal devastador, feito o que caiu na Bahia, que provocou a despensa vazia da pessoa  e sua família e sim a política secular, indiferençada da exclusão.

Mas,  como essa ativista tem  parceir@s que reverberam  empatia,  uma cesta básica chegou, como doação para amenizar a falta do “de comer” e outros encaminhamentos foram dados.

Esse  é apenas um caso, mas, ainda tem  quase 400 alagoanos que passam fome.

E a gente faz o quê com as outras famílias? Vira a cara e faz de conta que não vê?

Mais do que “dividir o pão para quem tem fome’, precisamos nos comprometer , como sociedade, para implementação de politicas públicas de estado, equânimes, que tragam igualdade e dignidade para vida de tod@ alagoano.

E que todo mundo tenha direito a  comer filé mignon na ceia do Ano Novo.

E você já preparou sua ceia?