Gabi tem 14 anos é quilombola do Quilombo Lagoa do Algodão, no município alagoano de Carneiros.

Foi a quilombola mais nova a participar do  Iyagbas Afro Contemporâneas, Fórum Estadual de Conversas, Quilombolas, Quilombolas, Pretas, Periféricas, idealizado pelo Instituto Raízes de Áfricas, que aconteceu nos dia 16 e 17 de dezembro, em Maceió.

Gabi é uma  adolescente que  impressiona. Tem uma voz marcante, é linda e faz interpretação fabulosa, da realidade e do entorno,onde vive..

É  critica do racismo que segrega e, esse discernimento chega embasado nas experiêncis vivenciadas, do cotidiano social. É Gabi, quem fala:

-O racismo me marcou muito, porque toda adolescente quer andar na modinha,ser igual a outras, ter os mesmos direitos, as mesmas coisas, como educação em boas escolas, roupas boas para vestir  ter celular bom, mas, quais são as oportunidades de ter algo assim para adolescentes pretos e pobres, e ,ainda mais sendo quilombolas, em Alagoas?.

-Eu nunca usei meu cabelo solto, porque toda vida ouvi magação de outras pessoas, por ter cabelo de preta.

Durante sua fala  Gabi desabou em um choro dolorido, por carregar, em silêncio, o acúmulo das opressões racistas. Para acolhê-la formamos uma roda  de mulheres pretas e, como uma forma simbólica  de acolhimento e resistência  ,Gabi soltou os cabelos,em público.

O desabafo de Gabi e a ação motivou uma decisão de 5 mulheres quilombolas do Coletivo Cultural Quilombo de Saias e Luta, do Quilombo do Algodão: encarar a transição dos cabelos alisados..

E isso é bem mais do que uma mera mudança estética. É a ocupação, a reafirmação  de espaços da negritude que há em nós, dessa beleza que é negada pelo eurocentrismo. 

Como presidenta do Coletivo Cultural Quilombo de Saias e Luta tenho que dar o exemplo-diz Kelly Damasceno.

Trata-se de uma escolha difícil e muitas vezes sofrida. Afinal, é o desvestir, a ruptura de conceitos absorvidos como padrão de beleza, e uma vida inteira de afirmação que cabelo de pret@ é feio.

Não será fácil, mas, como madrinha do Coletivo afirmo que vamos encarar essa mudanças juntas, meninas.

Nós por Nós!

Salve, Gabi!