O Iyagbas Afro Contemporâneas, Fórum Estadual de Conversas, Quilombolas, Quilombolas, Pretas, Periféricas, que aconteceu nos dia 16 e 17 de dezembro/2021, em Maceió,AL foi um encontro substantivo de mulheres pretas, dos Quilombos dos quatro cantos das Alagoas.
E reuniu questões de gênero, aliada à memória, etnicidade e território quilombola,
Maria José ,67 anos, do Quilombo de Abrobreiras, localizado no município alagoano de Teotonio Vilela foi uma das participantes e foi com ela, que 5 dias pós o Iyagbas, que essa ativista via zap-zap, teve uma prosa carregada de singeleza e muito amor. É Maria quem fala::
-“Estou ligando para a senhora, porque estou sentindo muitas saudades daqueles dias.
Falo direto da senhora. Vi a senhora no zap e mostrei pra minha neta. Ela disse:- Vó que cabelo bonito!
Quando cheguei daí, no outro dia fui para o forró e dancei foi muito.
Tem gente por aqui babando, porque eu fui. Mandei fazer as mãos, os pés. Fiz um mundo de inveja.
Achei o encontro saudável,original, fiquei toda feliz, ainda hoje estou feliz.
Aprendi muito. Foi uma delicia. E já passei tudo para o cumpadre Zé ( presidente da Associação Quilombola), decidir quem vai botar no Fórum.
(No último dia, 17/02, do Iyagbas Afro Contemporâneas, foi criado o Fórum Estadual Permanente de Mulheres Quilombolas: Enf.ª Elizete dos Santos)
E Maria continua: Contei pra minha prima sobre a abertura do cabelo da menina ( Gabi, 14 anos, do Quilombo Lagoa do Algodão, que relatou sobre o racismo sofrido durante toda infância).
Lá no encontro disse pra menina:- Não tem que fazer isso, tem que soltar o cabelo, empinar o nariz e passar. Deixa o povo falar se quiser.
Fiquei emocionada dos tempos que passei aí. Vi a minha presidenta de perto (deputada Jó Pereira). No dia que vi ela, fiquei emocionada, sou eleitora dela. Quando cheguei ela chegou.
Por conta de vocês, depois desse encontro, comecei agora a andar no mundo- como diz minha neta de 2 anos.
Gosto de fazer amizade feliz e honesta.
Ontem fiz um doce de caju e lembrei da senhora. ( Maria me presenteu com um delicioso doce de caju, no encontro)
Espero a senhora no Quilombo Abrobreira. Quando a senhora chegar, vou fazer um chá de capim santo. Até já fui entrevistada na minha cozinha, na minha farmácia verde, de remédios do mato. A entrevista foi bater em Miami ( tenho parentes lá)
Eu nunca acusei uma inflamação em mim, graças aos meus chás. Ensino para as meninas todas aqui. Quero ver ter alguma inflamação. Aprendi a sabedoria dos remédios do mato.
Segundo, Elizangela, Maria José é a mulher dos melhores doces caseiros e quem faz remédios com plantas medicinais, tanto no Quilombo, quanto na região.
Diz pra minha presidente que mando lembranças e gosto muito dela. Fala assim: foi a moça do radinho queimado.
Liga pra Elizangela,(minha prima, querida) e marca um encontro
Vou preparar uma galinha na minha casa ,com farinha, pimenta , pra nós comer, e se não tiver a galinha nos mata o galo- diz Maria José, gargalhando.
E depois de quase meia hora dessa prosa robusta e agradabilissíma, que fez tanto bem para alma dessa ativista, Maria se despediu: Estou emocionada de ouvir a voz da senhora e quando a saudade bater ligo de novo
Obrigada, minha dileta quilombola, Maria José , e vai cevando a galinha, ou mesmo o galo ,qualquer dia desses aportamos aí.
E essa ativista , como coordenadora geral do encontro e do Instituto Raízes de Áfricas, afirma, que com a essência da simplicidade, Maria José sintetizou o verdadeiro sentido do Iyagbas: a soma da identidade, pertencimento ,ancestralidade , agregados em um único território: o coração das gentes quilombolas, que resistem e continuam a caminhada, AMOROSAMENTE.
Isso é Ubuntu!
Obrigada, Maria.
Muito obrigada, mesmo!
Se Palmares não existe mais, faremos Palmares de novo!