Faz tanto tempo que Quitéria mora em situação de rua, que ela nem lembra como é morar embaixo de um teto.
É uma mulher preta, idosa sendo devassada pelo abandono, definhando com os maus tratos da vida, e, pelo alcoolismo severo, mesmo assim ela sorri.
Quitéria diz não levar muito a sério a vida, porque se pensar muito vai acabar ficando doida. Ela dorme aqui e acolá expondo a fragilidade da sua existência, à violência gratuita que tem como alvo preferencial nossos corpos pretos.
Apesar dos vazios cotidianos , a lucidez de Quiteria cronometra o tempo. Confessa que vai completar 62 anos no dia de Natal.
A preta nasceu em um dia cujo símbolo é o renascimento das humanidades, entretanto, essas humanidades não foram tão boas para ela.
Quitéria, a preta, idosa, alcoólatra em situação de rua faz 62 anos no Natal,ao lado do Combilu, o cão.
Uma noite feliz?!