Eu os conheci, ainda meninos, entre 10 e 11 anos.

Os dois pretos, moradores de uma das periferias mais perigosas, com extrema vulnerabilidade, para jovem preto viver, em Maceió, AL.

Eram meninos bons, afetivos  e  traziam na bagagem diária suas histórias de vidas substantivas, adjetivadas..

Sonhavam com o futuro, ( tod@s nós sonhamos, não é mesmo?),  até que abandonaram os sonhos, daí , a morte os sequestrou, rapidamente.  

As  descobertas  excludentes  da vida  periférica, que não oferecem as oportunidades necessárias para a juventude,  foram fatais,  e daí vieram as experiências marginalizadas, que se anunciavam, como a bala perdida, que iria lhes roubar o futuro, com total permissão do racismo estrutural, desenfreado, internalizado e consentido nas Alagoas dos Palmares.

-Foi se juntar com quem não presta-  diziam as vozes criticas de uma sociedade hipócrita e seletiva.

Morreram bem jovens, antes mesmo de encontrarem a vida adulta.

Não ficarão velhos.

Ambos pretos. Ambos meus alunos.
Daniel, aos 19 e o Cícero,a os 20 anos, meus alunos foram assassinados pela indiferença mortal do estado. 
Eita, Zumbi!

Texto escrito em 24/05/2017 07:42