O deputado estadual Davi Maia (Democratas) apresentou, na Assembleia Legislativa de Alagoas, de maneira formal, um pedido para que o governador Renan Filho (MDB) retire o Estado da condição de “sócio” do Consórcio Nordeste.

O parlamentar do Democratas praticamente repete pontos que foram citados na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte que tem o Consórcio Nordeste como um dos alvos.

A Comissão apura a compra dos respiradores que nunca chegaram, provocando um prejuízo – na época – de aproximadamente R$ 48 milhões aos estados nordestinos. Alagoas pagou, de forma antecipada, R$ 4,8 milhões por esses respiradores. Depois, diante do calote, teve que correr atrás do recursos para que eles retornassem aos cofres públicos.

Porém, mesmo diante disso, o governo alagoano permaneceu como um dos “aliados” do Consórcio, que também tem seus componentes ideológicos e políticos, já que os Executivos nordestinos possuem um espectro semelhante e de oposição ao governo federal.

Maia – portanto – classifica o Consórcio como inútil, inoperante, alvo de uma investigação no Ministério Público Federal (MPF), em processo que se encontra no Superior Tribunal de Justiça (STJ), além da polêmica compra de respiradores.

O deputado alagoano diz que o Consórcio Nordeste virou “caso de polícia”. “Diante de tantas provas de corrupção e malversação de recursos públicos, é um absurdo e um desrespeito com o povo a manutenção do Estado de Alagoas no Consórcio Nordeste”, diz ele.

Na semana passada, conversei, em uma entrevista publicada no Jornal das Alagoas, com o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia do Rio Grande do Norte, deputado estadual Kelps Lima (Solidariedade).

Ao falar dos trabalhos da CPI, ele destaca que “As investigações impactam em todos os estados do Nordeste. Os estados são pobres, que precisam de recursos e que estão gastando R$ 1 milhão por ano para pagar cargos comissionados, diárias de viagens, restaurantes, hotéis, para uma turma que está lá no Consórcio Nordeste e que não entrega nada de bom para o povo nordestino. É somente escândalo, vergonha, e a falta de respiradores que gerou mortes. Todos os estados nordestinos estão tendo prejuízo ao fazerem parte desse Consórcio”.

Ele ainda avalia a posição dos governadores de permanecer no Consórcio Nordeste mesmo diante de tantas denúncias. “Fica muito claro a negligência e conveniência política dos governadores do Nordeste ao investigarem de forma muito amigável o Consórcio Nordeste. A documentação sigilosa a qual eu tive acesso, que desnuda a falcatrua, ela também foi acessada pelos governadores do Nordeste. Eles também tem acesso a essa mesma documentação. É muito estranho que eles não tenham, por exemplo, saído do Consórcio Nordeste ou pedido o afastamento do diretor-geral Carlos Gabas. Não existe justificativa para os governadores do Nordeste não terem pedido, no mínimo, a demissão de Carlos Gabas e outros membros da gestão do Consórcio Nordeste. Eu defendo que o Rio Grande do Norte saia desse Consórcio porque ele, até agora, só gerou prejuízo”, complementou.

Kelps Lima coloca ainda que “o Consórcio Nordeste, aparentemente, se trata de um mero cabide de empregos, um organismo político financiado com dinheiro público da população do Nordeste. As investigações avançam. O silêncio do diretor do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas, quando da sua convocação para a CPI, mostra que há claramente muito mais coisas escondidas e nós vamos avançar com as investigações”.