A Comunidade Quilombola Lagoa do Algodão, fica localizada no alto sertão das Alagoas, e,é um bocado distante. São umas três horas e meia de carro da capital, Maceió até o Quilombo que fica na cidade de Carneiros. Lá vivem em torno de 50 famílias. 

É lá que mora Maria do Socorro, irmã da matriarca Maria e parente de um monte de gente. 

Em seus 66 anos de vida, Maria do Socorro traz histórias costuradas na dor e nos ocos do pauperismo, estruturalmente premeditado, que atinge em cheio a comunidade cercada de poeira e de um clima quente, que, às vezes, sufoca. 

Uma comunidade, ainda não concebida como patrimônio cultural brasileiro, pelo  poder  público. 

Maria do Socorro  fica enfezada quando dizem que, aos 66 anos, já está no fim da vida. Para ela, todo dia é um recomeço, por isso decidiu aprender a ler e escrever.

-Já sei fazer as letras do meu nome – conta entre sorrisos. 

Maria do Socorro, como muitas outras do Quilombo Lagoa do Algodão , apesar dos relatos crus , ácidos e indiferenciados, da vida sem confortos,  não perde a fé em si mesma.

Sim, é para falar sobre a perpetuação do  racismo estrutural e, sobretudo, da  força que move as mulheres quilombolas, das Alagoas de Palmares , o segundo menor estado da federação, mas, que concentra o maior e  percentual de gente desletrada, analfabeta do Brasil todinho.

O analfabetismo, em Alagoas, tem CEP e cor.

É preto, periférico.

Salve, Maria do Socorro e as mulheres quilombolas das Alagoas, que inspiram e incentivam caminhos de aprendizados, nas terras ácidas de Palmares.

Apesar,de…