A deputada estadual Jó Pereira voltou a cobrar e destacar a necessidade da adoção de políticas públicas integradas  urgentes, com foco na saúde mental, para a prevenção do suicídio em Alagoas, durante o I Fórum Estadual de Prevenção e Posvenção do Suicídio, realizado nesta quarta-feira (22), no auditório do Senai, em Maceió, com o apoio da parlamentar.

Ela recordou o I Seminário de Prevenção ao Suicídio e Construção de Rede de Cuidados em Alagoas, proposto pela Assembleia Legislativa em 2019, de onde foi tirado o manifesto "Cada vida precisa ser preservada". Entregue na ocasião ao secretário de estado da Saúde, Alexandre Ayres, o documento contém uma série de propostas para trabalhar a rede psicossocial no estado. "Se não foi possível colocá-las em prática por conta da pandemia, é necessário que essas propostas que têm todas intersetorialidade entre poderes,  integração, tenham atenção", frisou, acrescentando que, mais que construir espaços adequados para prevenção e posvenção do suicídio, o Poder Público precisa povoar esses espaços com humanidade: "Precisam ser espaços de acolhimento, humanizados".

Citando a fala anterior do reitor da Ufal, Josealdo Tonholo, Jó pontuou que qualquer política pública de prevenção e posvenção do suicídio precisa levar em conta "que não podemos descuidar do combate à desigualdade social, um dos fatores de risco para o suicídio", e também não podemos descuidar do combate ao preconceito em todas as suas formas, racismo, homofobia, outro fator de risco.

A parlamentar afirmou que esses enfrentamentos devem ocorrer essencialmente no ambiente das escolas e, neste momento, lembrou que uma das consequências do afundamento do solo em bairros afetados pela mineração da Braskem, em Maceió, atingiu o único hospital psiquiátrico do estado, o Portugal Ramalho: "É necessário que a Braskem tome providências em relação a isso e é preciso que o Poder Público diga que Alagoas não pode ficar sem seu único hospital psiquiátrico".

"Estamos patinando na solução de um problema que não pode ser deixado para depois", prosseguiu Jó, cobrando o Plano Estadual de Combate ao Suicídio e reforçando a necessidade desse  instrumento como forma de planejar, avaliar e redimensionar metas.

"Não é orgulho dizer que tudo que se faz em Alagoas é com dinheiro alagoano, queria que esse dinheiro fosse 'fêmea', se multiplicasse com aportes de recursos federais, recursos de fora. Alagoas conquistou equilíbrio fiscal, mas muito a custa do esforço de um povo que tem 40% de suas famílias no CadÚnico", completou a parlamentar.

Ao final  a deputada citou o educador Paulo Freire e a psiquiatra alagoana Nise da Silveira: "Precisamos educar para libertar e não só para cumprir indicadores e é necessário se espantar, se indignar, se contagiar, pois só assim podemos mudar a realidade. Espero que os gestores se contagiem com essa necessidade da prevenção e da posvenção do suicídio".

Fórum

Durante o dia, o I Fórum Estadual de Prevenção e Posvenção do suicídio discutiu a temática da valorização da vida e os fatores protetivos na prevenção e posvenção do suicídio. O evento é uma realização do Comitê Estadual de Prevenção e Posvenção do Suicídio, formado por entidades da sociedade civil, como o Instituto Raízes da África, coordenado pela militante Arísia Barros, Conselho Estadual de Saúde, Ministério Público, ONG Cavida - Centro de Amor à Vida, CVV - Centro de Valorização da Vida, representantes de entidades como Universidade Federal de Alagoas (Ufal),  Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), Estado e municípios.  

O Fórum conta com o apoio da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA), do Senai, das secretarias de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris) e Comunicação (Secom), e da deputada Jó Pereira.

A programação contou com a palestra "Populações em vulnerabilidade, preconceitos e suas ramificações", da psicóloga carioca Aline Maia; a apresentação da gerente de Vigilância e Controle de Doenças Não-Transmissíveis da Sesau, Rita Murta, sobre o perfil epidemiológico do suicídio em Alagoas; e mesas temáticas com a geriatra Helen Arruda, a farmacêutica Maria Erivanda e os psicólogos Sidney dos Santos e Cristiane Gomes.

Participaram do evento representantes da Ufal, Uncisal, Sesau e demais órgãos e entidades integrantes do comitê.