Na postagem anterior comentei as recentes falas do prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PSB), em suas redes sociais, sobre o aumento da tarifa de água e esgoto em Maceió.
O chefe do Executivo municipal aproveitou a notícia para alfinetar o governador Renan Filho (MDB).
Quem resolveu rebater, de forma dura, foi o secretário estadual da Fazenda, George Santoro: “Em que país o senhor vive? Inflação acumulada do governo que o senhor ajudou a eleger é a maior dos últimos anos. Todos os custos disparando. Tem que ser responsável. Estamos há dois anos sem aumento de água. O senhor vai acabar quebrando a Prefeitura. Menos demagogia e mais gestão”.
Sobre a fala de Santoro, eis alguns pontos. Primeiro: a cobrança em relação a explicações sobre reajuste pode ser feita (e deve ser) por qualquer cidadão, ainda mais nesse momento onde reajustes de contas se acumulam, como frisei no texto passado. Logo, não vejo nada demais no prefeito cobrar. A questão é a forma marqueteira como JHC age.
Então, há uma certa razão no que JHC cobra. O problema é que o prefeito o faz de forma maniqueísta e com base na rivalidade política que tem com o governador. Também frisei isso, em outras palavras, no texto anterior.
Portanto, Santoro ao falar de “demagogia” não se distancia de uma possível motivação de JHC para armar o palanque no twitter. Se não há demagogia, que é uma palavra muito forte, há o oportunismo político que simplifica as coisas complexas em função de se beneficiar com a polêmica.
Todavia, o secretário da Fazenda sabe muito bem que o cenário de inflação não se dá por conta apenas de um “governo que JHC ajudou a eleger”, caso o titular da Fazenda esteja se referindo ao governo federal.
O cenário econômico que atravessamos é fruto de questões bem mais complexas. Entre esses fatores, a pandemia do novo coronavírus e as medidas restritivas que impactaram no setor produtivo, em abastecimento etc. Algumas dessas medidas adotadas por governadores. E aqui não julgo as medidas se corretas ou não. Afinal, todo mundo errou e acertou na luta contra o desconhecido: a pandemia. Alguns erraram mais que outros.
Santoro aproveita para defender o Executivo estadual do qual faz parte (e é legítimo que o faça) e ao mesmo tempo atacar o governo federal por acreditar ser JHC um apoiador desse último. Por isso, pontua, superficialmente, a situação da inflação. Algo de se estranhar, haja vista a capacidade técnica e detalhista do secretário. Por sinal, sempre elogiei George Santoro por isso. É um dos melhores quadros do governo estadual.
Não quero dizer aqui que não haja erros do Executivo federal. Há sim. Reformas que atrasaram, crise política por vezes “autoprovocadas”, enfim… O que digo é que não é só isso, nem tão simples assim. Afinal, o estamento político montado pela oposição também ajudou a atrasar o país. E ajudou muito!
Mas, em todo caso, no geral, Santoro se posiciona de forma dura e apontando ao prefeito, de maneira correta, que nem tudo é tão simples e maniqueísta assim. JHC agiu pensando única e exclusivamente em política. Logo, faltou sim um pouco de responsabilidade por parte do prefeito.
Agora, em relação ao governo federal, é válido lembrar que o “governo federal”, que o governador Renan Filho (MDB) sempre apoiou, foi também o responsável por, sem qualquer tipo de pandemia, nem grandes dificuldades no cenário mundial, fazer com que o país tivesse dois PIBs negativos em anos sequenciais, adotasse uma matriz econômica heterodoxa trágica, ampliasse o estatismo, corrompesse as estatais e deixasse um rombo fiscal assustador para as gerações futuras.
E nem estamos falando da corrupção desenfreada…
Ou seja: uma herança maldita para qualquer um. Santoro sabe muito bem o que é lidar com determinadas heranças!
É esse grupo político que acredita no estatismo que ainda é apoiado pelo governador alagoano. Ou seja: apoiar presidentes que prejudicaram de forma assustadora a economia do país não parece ser exclusividade do prefeito de Maceió, nem de lado A ou B. E digo isso sem sequer poder afirmar que houve de fato um apoio efetivo de JHC a quem quer que seja na disputa presidencial, pois o prefeito – como já disse anteriormente, mas por outros motivos – foge de uma bola dividia assim como o diabo foge da Cruz.