De acordo com o colunista de política Robson Bonin (Coluna Radar/Veja), o senador e relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, Renan Calheiros (MDB), tem estreitado ainda mais os laços com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula (PT).
Os dois já estão conversando nos bastidores, ainda que não revelem esse estreitamento publicamente. O assunto? As eleições de 2022 e a condução da CPI. Renan Calheiros e Lula sempre estiveram próximos desde eleições passadas.
Vale lembrar: Calheiros sempre foi um aliado do lulopetismo. Ele foi um dos responsáveis por, no impeachment, manter os direitos políticos de Dilma Rousseff (PT).
Que Renan Calheiros já tem lado definido no processo eleitoral vindouro, portanto, não é segredo. Calheiros vai trabalhar em prol da candidatura do petista, inclusive com a possibilidade do MDB indicar um vice: o governador Renan Filho, talvez...
Ainda que remota, é uma possibilidade. Em todo caso, isso faz de Renan Calheiros o maior aliado do PT dentro da CPI da Covid-19.
Se Lula é considerado elegível pela Justiça, então, o apoio do emedebista é legítimo. Resta saber se nessa aproximação entra em cena negociações sobre os passos de Calheiros como relator de uma CPI, transformando sua posição em palanque político…
Como relator, o opositor ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não tem poupado esforços na tentativa de desgastar o chefe do Executivo federal. Renan Calheiros tem se posicionado como o relator do relatório já pronto, buscando sempre – em sua atuação dentro da Comissão – emparedar qualquer depoimento que seja favorável ao governo federal e, ao mesmo tempo, evidenciar os que possam ser prejudiciais a Bolsonaro.
Ou seja: esconde e ignora o que é favorável ao inimigo; amplia e foca no que for erro de inimigo.
Esse tem sido o jogo de Renan Calheiros, cujos interesses vão para além da CPI, evidentemente. E isso independe da CPI ter informações reais a respeito de possíveis erros do governo federal.
Na Coluna Radar, por exemplo, se destaca a preocupação de Renan Calheiros ao estabelecer o diálogo com Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o colunista, o emedebista só quer o encontro público com o petista depois de finalizado os trabalhos da CPI. Ou seja: conversa com Lula diante dos holofotes somente depois que o relator apresentar o documento em que pede o indiciamento do presidente da República.
Enquanto isso, nos bastidores, Renan Calheiros trabalha – dentro do MDB – para fortalecer a corrente da legenda que quer o retorno de Lula ao Palácio do Planalto. Todavia, agora, Renan Calheiros e Lula não podem aparecer juntos, pois a avaliação é de que a aproximação maior entre os dois nesse momento seria fortalecer uma narrativa governista sobre a influência do ex-presidente petista no G7 (grupo de senadores da oposição).