Caso o senador Rodrigo Cunha (PSDB) trabalhe de fato para ser o candidato ao governo do Estado de Alagoas na eleição vindoura, o tucano pode ter um desafio dentro do próprio grupo político ao qual se encontra.

É que se as pesquisas de intenção de votos feitas recentemente estiverem corretas, o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PSB) vem demonstrando ter maior viabilidade para a disputa do que o próprio Cunha.

Evidentemente que as pesquisas são apenas uma fotografia de momento; muita coisa pode mudar até o processo eleitoral e nem todas as peças estão no tabuleiro. Particularmente, caros leitores, não creio que JHC seja candidato, pois ainda tem todo um mandato de prefeito pela frente e é beneficiado em demasia com uma vitória de Rodrigo Cunha ao Executivo: a mãe do prefeito, Eudócia Calda, vira senadora.

Porém, na política alagoana, até o boi pode voar...

Sendo assim, consolidando um cenário de favoritismo, JHC deixaria – como diz no popular – “o cavalo passar selado”? É a pergunta a se fazer. O prefeito é um “expert” no marketing e sua imagem não tem sentido, pelo que se observa nas pesquisas, os defeitos de sua gestão municipal ainda desencontrada, atrapalhada e que faz de cada mergulho um flash, inclusive colocando como mérito de seu mandato o que ocorreu quando ele nem era prefeito, como foi quando o prefeito enalteceu a redução da violência em Maceió, que se deu em 2020.

Mas, esse é JHC: o que não perde oportunidade nem holofote.

Rodrigo Cunha – confirme ele ou não! – tem um acordo político com JHC e não há sinal algum de ruptura. O senador e o prefeito estavam abraçados na eleição que levou Cunha ao Senado Federal e JHC à reeleição como deputado federal. A parceria se repetiu nas eleições passadas, quando Caldas se reelegeu prefeito. A tendência é que se mantenha na disputa pelo Executivo estadual.

Então, não há muito desafios para Rodrigo Cunha – caso realmente deseje disputar o Executivo – a não ser organizar o PSDB e consolidar um grupo no qual ele tenha o papel de líder, pois ninguém é candidato de si mesmo.

Se Rodrigo Cunha, entretanto, deixar o “vácuo”, isso pode abrir espaço para a tal “mosca azul” – já citada em outro texto desse blog – picar o prefeito. Não vai faltar quem o aconselhe, ainda mais diante de um cenário de ausência de lideranças.

O governador Renan Filho (MDB), por exemplo, também é bem avaliado em pesquisas de opinião pública, mas, como cravou a deputada estadual Jó Pereira (MDB), é um “líder solitário”. Ou seja: não há nome forte para a sucessão entre os calheiristas. Tentar construir o secretário de Saúde, Alexandre Ayres, como possibilidade, não tem dado certo. Ayres não consegue sequer alcançar os dois dígitos.

Se Renan Filho sai para disputar o Senado Federal, terá que fechar acordos para dar densidade eleitoral ao seu grupo e sustentar a própria candidatura, ainda que isso envolva o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Vitor (Solidariedade), e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas). Em resumo, são poucos os nomes para ocuparem uma cabeça de chapa. Não há liderança com essa projeção. Logo, precisa ser criada em pouco tempo.

Em outras palavras, quem já se encontra bem posicionado nas pesquisas eleitorais de agora – mesmo sendo um termômetro ainda muito frágil – já tem uma vantagem perceptível. Seria muito ingênuo acreditar que JHC não observa tudo isso...