Pesquisador@s afirmam que Francisco foi morto em 28 de abril de 1876, mas, não apontam o dia que nasceu, talvez, isso não seja relevante para a historiografia oficial, porque o fato marcante é a celebração da abolição da pena de morte no Brasil, com a morte feito espetáculo.
Quem foi Francisco além de ser escravizado? Nascido em Alagoas? Quantos anos tinha quando morreu? Tinha família próxima? Deixou filhos? Quem chorou a morte de Francisco?
A historiografia oficial não conta detalhes sobre o homem que foi morto , para além do registro de ser “escravo” da Casa Grande, um objeto no regime escravocrata e senhorial, (uma forma, ainda persistente, de naturalização do racismo estrutural, desumanização de corpos pretos e nos coloca em posição de subalternidade ou como o inimigo a ser eliminado)
Francisco matou “seu “dono” e a esposa deste, ambos escravocratas ,em nome da liberdade de ter direitos. Matou, se arrependeu e pediu clemência a D. Pedro II, com uma pena mais branda, e o imperador II, se fez Pôncio Pilatos, lavou as mãos e negou o pedido de “Graças:- “lance-se logo a corda e pendure-se o réu”.
O cumpra-se do imperador foi baseado na aplicação da lei nº 1835, que era exclusiva para “crimes” de escravizados. O texto da legislação dizia que seria condenado à morte o escravizado que matasse ou ferisse gravemente seu senhor ou qualquer membro da família dele.
Escravocratas podiam matar escravizad@s a bel prazer.
Antes da execução, com a corda no pescoço, que arrastou ao longo de toda uma vida de privações e maus tratos, Francisco foi exposto em praça pública em uma desfile macabro.
Às 13 horas, debaixo de uma forte chuva da manhã do dia 28 de abril, de 1876, o homem foi morto por enforcamento.
Mais de duas mil pessoas vieram de várias partes da província de Alagoas, para assistir a execução de Francisco,no sítio Bonga, local onde foi montada a forca, que se transformou em um evento-festa.
Para apressar a execução o algoz subia nos ombros de Francisco para acelerar morte.
Deveria ter sido o fim de uma história de tragédias,humilhações,servidão,injustiças, entretanto,atualmente existem tratativas para transformar a morte de Francisco, em um espetáculo teatral-turístico.
O dono de um barzinho afirma que, com o acesso de turistas ao espetáculo da morte, aumentaria o movimento do bar dele, do comércio e da pousada.
A escravidão foi fundamental para a realização da acumulação do capital e pelo visto nada mudou, pois, no município alagoano fazem planos de transformar a morte de Francisco em atração turística, um comércio macabro,
E Alagoas da República de Palmares, continua lançando mão da política racista que discrimina e desumaniza mas, quer continuar a ter lucro, mesmo com o “escravizado” já morto.
Maldito capital!
A carne mais barato do mercado é a carne negra.
E daí?
Fonte de algumas informações: Agência Senado