O artigo de autoria da ativista preta, da ativista preta,Arísia Barros tem 5 páginas foi escrito em 2010 e faz parte do acervo do portal eletrônico da a Fundação Cultural Palmares .O título “A Pequena Africa chamada Alagoas” deu origem ao livro homônimo.
Datado dos fins do século XVI - o Quilombo dos Palmares - o maior de todos os quilombos - foi berço de uma das maiores riquezas que o estado de Alagoas herdou: a chamada diversidade, o pluralismo cultural e étnico. Formado por segmentos marginalizados pela escravocracia: negros de diversas regiões da África - com diferentes costumes e uma enorme variedade de línguas - a negros nascidos no Brasil e aculturados pela cartilha dos brancos. Ao lado desses negros, embora em número bem restrito, moravam ainda ex-escravizad@s, povos indígenas e até alguns brancos. - Palmares chegou a ter 20 mil habitantes e se constituiu em uma das primeiras sociedades econômica e socialmente viável e auto-sustentável. Um verdadeiro estado negro dentro da colônia portuguesa. Ganga Zumba, Zumbi foram reis em Palmares. Zumbi faz parte do panteão dos heróis nacionais. Ícone da história - o herói negro- é despertado pela esporádica memória nacional do dia 20 de novembro - Dia da Consciência Negra- entretanto como a história afro-brasileira não pode e não deve ser estática é imprescindível perguntar: Como é vivida e vista a realidade da exclusão racial no estado alagoano, nos outros 364 dias do ano? Em pesquisa recente, devido ao fosso de miséria e das desigualdades sociais, Alagoas, foi alcunhada como "Pequena África", minimizando e estereotipando a imagem do continente africano (A África é um continente de 56 países e ilhas). É preciso construir aproximações dialógicas e pedagógicas entre o momento histórico da luta palmarina e a história real focada na capacidade do racismo reinserir-se no cotidiano social, pavimentando os caminhos dos ideais de hegemonia que demarcam e orientam as condições da existência do elemento negro no estado brasileiro dito miscigênico , o último a abolir o regime escravocrata e o país com a segunda maior concentração de população negra do mundo. É preciso flexibilizar mentalidades e comportamentos e assim nortear com novas práticas a cultura política do estado alagoano resgatando a história de organicidade, sustentabilidade e liberdade que os Quilombos dos Palmares (nossa Pequena África positiva) legou ao mundo. De maneira direta e crua diremos que a omissão em relação à história negra na terra da liberdade produz um oceano de aprisionados históricos. O excesso de melanina pinta a cor da miséria dos afro-alagoanos. Emprestando um trecho do artigo: As Bantas Coisas de Alagoas, do Professor Bruno César Cavalcanti: "Porque a pobreza herdou os negros alagoanos, e deu uma cor escura à pele da miséria. Esta gente apelidada de povo, mas, contudo sempre exibida num corpo desossado como um polvo". (…)
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