Em 1665, no final do século XVI, ocorreu  uma sangrenta batalha colonial entre o Reino do Congo, comandado pela dinastia dos Kinzala, e Portugal (Batalha de Mbwila).

 Aqualtune, filha do Rei do Congo , mobilizou 10 mil homens e  fez  enfrentamento  audacioso ao exército português.

A força do exército era superior e Aqualtune e seus homens perderam a batalha. Capturada, mesmo com ascendência nobre, prenderam-na, levaram para um mercado de “escrav@s”e  forçaram-na a um “exílio” involuntário, veio para o Brasil, em um navio negreiro, na condição de escravizada.

Retaliação  e castigo do sistema escravocrata.

Após um viagem torturante e muitos abusos sexuais, já grávida, o  desembarque se deu , em 1597 no Porto de Recife, Pernambuco. 

A força e juventude  da princesa  foram as credenciais, que facilitaram a comercialização  rápida, como “escrava” sexual, mulher parideira,reprodutora. Ao ser levada  para uma fazenda na região de Porto Calvo, Alagoas entrou na rota da princesa.

Como “escrava” doméstica foi estuprada, violentada, coisificada. E mesmo buchuda articulou a própria fuga pela mata rumo a  Palmares. No caminho foi encontrando mais e mais escravizad@s em fuga e cerca de 200 pret@s se juntaram  a princesa  e foi assim que a  história  da resistência em Palmares se fez plural.

Os conhecimentos estratégicos e políticos de organização do território , a audácia e coragem ,que tinha de sobra, habilitaram a jovem princesa a   assumir  o comando  do Quilombo, como espaço coletivo..

Foi Aqualtune quem iniciou a narrativa do movimento libertário, na terra preta de Palmares . No  resguardo dos sons e tambores do Quilombo , a princesa escravizada, vendida feito mercadoria, pariu trilhas de saberes e ritos  de resistência, lutas e liberdade.

Aqualtune participou ativamente na montagem de Palmares, um quilombo formado por uma série  de mocambos, no atual  estado de Alagoas.

Já  idosa, a  senhora, primeira comandante do Quilombo dos Palmares, morreu em 21 de setembro de 1677. 

Aqualtune representa  a história do Quilombo, como substantivo feminino,  e os homens que  a sucederam , Ganga Zumba, Zumbi e tantos outros, são herdeiros do protagonismo estrategista da princesa africana.

Não adianta fazer Palmares de novo,  se continuarmos a contar a história, a partir do olhar androcêntrico. 

É preciso chamar atenção para  a princesa africana, Aqualtune  peça fundamental na estruturação da República de Palmares como núcleo de resistência centenária. Contraditoriamente, apesar de toda  grandeza, a atuação política  da primeira comandante do Quilombo pela emancipação do povo preto é   pouquíssimo conhecida e  reconhecida nas contações da história.

Por quê?