Na década de 1990, Atila Vieira Correia, como educador social, foi um dos fundadores do Movimento de Meninos e Meninas de Rua, em Maceió.
Educador social é o nome que se dá a quem acolhe e luta pela exclusão alheia.
O educador, ainda muito jovem, tinha consciência do seu papel social, apesar das engessadas nódoas políticas.
Era um cabra valente, que amava poesia, ( fã incondicional da poetisa preta Elisa Lucinda) e tecia caminhos determinantes para mudar realidades de meninos e meninas obcecados pela exclusão social e , principalmente, do estado.
Fez enfrentamento gigantantesco, corpo-a-corpo com gente engravatada, que simbolizava o poder , e, por conta desse enfrentamento foi , perversamente, perseguido. De uma forma torturante, feroz, voraz.
Fecharam todos os seus espaços, inclusive os profissionais.
Era um sujeito, com uma imensidão de doçura, no sorriso iluminado que abarcava estrelas, mas, trazia a alma cheia de máculas. A perseguição orquestrada do estado para “matar” politicamente o ativista preto, quebrou algumas costelas de auto-estima e o corpo físico absorveu a incompreensão do processo e também adoeceu.
Em nome da sobrevivência foi “obrigado” a silenciar,( manda quem pode, obedece quem tem juízo) , trazia dores de espírito que repercutiram na saúde física.
Por muito tempo foi um expatriado em seu território natal, até que o braço da solidariedade o envolveu, como o abrigo da ex-senadora, Heloísa Helena..
Por sua luta determinada foi agraciado , em 2007, com o Prêmio Nacional dos Direitos Humanos.
Atila foi muitos em uma só pessoa: militante da área da criança e do adolescente e dos Direitos Humanos. Foi coordenador em Alagoas do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua. Foi membro da Coordenação Colegiada do Fórum Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum DCA/AL), representou o Estado de Alagoas no Comitê Nacional de Enfretamento a Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes 2005/2008). Participou do Conselhos Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Conselho Estadual de Direitos Humanos.
Atila Vieira, nascido em 29 de dezembro de 1976 é um ativista preto alagoano força motriz, catalisadora na luta pelos direitos de criança e adolescente, nas Alagoas onde os Marechais são todos homens.
O jornalista, ativista preto dos direitos humanos, Átila Viera Correia, de 41 anos, faleceu, na quinta-feira, 1 de abril de 2021, vitimado , por complicações da Covid-19 e da política asfixiante dessas terras androcêntricas das Alagoas.
Agora, um encantado!
Passadas mais de três décadas, ainda, não apareceu outro ativista igual a ele.
Que sua luz e delicadeza iluminem caminhos