Fui capturada em África em função dos portugueses se aproveitarem das guerras tribais. Eu sou da etnia Courana que estava em conflito com etnia do Daomé. A viagem foi um terror. Muitos morriam e eram jogados no mar. Cheguei com 6 anos a São Sebastião do Rio de Janeiro. Fui colocada para ser vendida. Era horrível e podre. Escravos por todo canto como mercadorias. Parece que o local se chamava Candelária. Será? Não importa. A sujeira era a mesma de um chiqueiro. Um homem que se chamava José Souza me comprou. 

Aos 6 anos fazia serviços de levar recado. A sujeira era a mesma de um chiqueiro. Um homem que se chamava José Souza me comprou. 

Aos 6 anos fazia serviços de levar recado, vender bugigangas e limpar casa. Tinha amigos que veio da África na senzala. Me disseram que eu talvez fosse da nação Courana. 

O tempo ia passando. Aos 11 ou 12 anos, fui estuprada pelo meu senhor. Destino das negras jovens e crianças no Brasil. Os senhores de engenho nos estupravam, batiam, humilhavam e vendiam. 

Fui mandada para Minas Gerais para ser vendida para outros donos. Saudades dos amigos africanos que eram minha família. Não lembro de meus pais, nem se os tive. 

Andei muito descalça, nas matas, até chegar a Minas. Acho que foi num local chamado Mariana.

Lá, uma senhora de engenho me comprou. Era irmã do Frei que escreveu um livro, " Caramuru”. Frei Durão? Sabendo da minha sina fui colocada para ser mulher da vida no local da mineração. Lá vinham tantos. A cobiça era grande. Ser mulher da vida era rentoso. Com meu " trabalho " custeei a formação do Frei Durão. 

Eram dias difíceis. Tinha que copular com vários homens. 

À noite tinha festas. Eu dançava muito. A africana que trazia dentro de mim falava mais alto.

Mas, tinha que me prostituir para sustentar a minha dona e o irmão. A região era cheia de mineradores e muitas crianças negras de 5, 6 anos. Brigas, mortes. O ouro e outras pedras dominavam. 

Aos 30 anos minha cabeça inchou, meu corpo adoeceu, ouvia vozes. Caía morta no chão. Depois retornava. Começa aqui outra fase da minha vida.

Era conhecida apenas como Rosa. Nome dado pelo meu primeiro senhor e estuprador.

 

 

Fonte: Facebook de Marco Pereira