Caríssimo, Renan Filho, por conta das construções históricas que estabelecem relações objetivas e simbólicas de poder, a mulher, ainda   é pessoa vulnerável na relação política e social. E por conta dessa vulnerabilidade, deveria ter um escudo estatal de proteção, para todas as mulheres, sem precisar, com isso, destacar credos religiosos, cor, CEP, correntes políticas partidários etc. e tal.

Mas, infelizmente, para uma obesa fatia da população feminina (na grande maioria pobres, pretas e extremamente invisíveis) essa proteção institucional é feita peneira, não tem cobertura resistente.

Acho muito legal, como chefe do executivo e em nome do estado, você prestar solidariedade pública, a jovem vereadora de Maceió, que faz um bom enfrentamento às normas muitas vezes, esdrúxulas do androcêntrico parlamento mirim. 

É um verdadeiro gol de letra.

 Entretanto, como ativista dos direitos humanos, fico extremamente preocupada, porque a solidariedade do chefe do executivo, não se faz manto para fazer ecoar em outras vozes, que faz tempo, vem sendo censuradas, desrespeitadas, desacreditadas, infantilizadas, deslegitimadas, massacradas pela opressão androcêntrica, como a das mulheres militares.

Pelo mesmíssimo motivo da jovem vereadora, ou seja de natureza política, a 3º sargento do Corpo de Bombeiros, em Alagoas, a mulher preta, de 33 anos e há 18 na corporação, Stephany da Silva Domingos,  está sendo desacreditada e punida pelo comando, apesar de sua irrepressível conduta militar.

Sim, estamos vivendo tempos muitos sombrios e como muitas de nós, caríssimo Renan Filho, o chefe do executivo,  não pode ficar alheio a atos de opressões, como esse.

 Além do valente enfrentamento à pandemia no estado carece, também,  o olhar preciso e político para  a opressão que põe faca amolada ,cotidianamente, na garganta de muitas e tantas as mulheres alagoanas.

Quem prestará   continência de solidariedade a 3º sargento, Stephany da Silva Domingos    caríssimo, Renan Filho?