Os boatos da existência de um “racha” no PDT de Alagoas, envolvendo inclusive a “expulsão” do secretário de Turismo de Maceió, Ricardinho Santa Ritta, da legenda, foram desmentidos pelo próprio Santa Ritta e pelo tesoureiro do partido na capital, o superintendente de Iluminação Pública, João Folha.

Folha afirmou ao blog que não existe nenhuma discussão sobre um possível afastamento ou desligamento de Santa Ritta do PDT e frisou que as opiniões pessoais do secretário de Turismo não refletem as diretrizes do Diretório Estadual. Ele se referiu a alguns posicionamentos - que iriam de encontro a essas diretrizes - do colega de partido, nas redes sociais, sobre temas polêmicos. 

O tesoureiro frisou ainda a união da sigla em torno da possibilidade da candidatura do vice-prefeito Ronaldo Lessa ao Senado. Para o superintendente, o ex-governador, e presidente do PDT no estado, é o nome mais preparado do partido para a missão.

“Pivô”

Suposto “pivô” da crise, Santa Ritta também negou o “racha”: “Partido grande tem diversas pessoas com pontos de vista diferentes. É isso que nós faz mais fortes. Estamos organizando o partido para discussão de políticas públicas, este momento focando em Maceió. Para o próximo ano vamos montar chapa de deputado estadual e federal e possivelmente pensar em candidatura majoritária”, afirmou.

O pedetista acrescentou que Ronaldo Lessa é o “coringa” da legenda: “Ele nunca disse que era candidato e as pesquisas o colocam de forma competitiva com o senador Fernando Collor e governador Renan Filho”. 

Ainda acerca dos boatos de racha e expulsão do PDT, Santa Ritta contou que eles podem ter surgido depois que o presidente da Juventude do partido, Caio Lima, se posicionou contrário a algumas opiniões expressadas por ele nas redes socais, a exemplo da defesa feita acerca da realização da Copa América no Brasil. 

“Semana passada eu estava no Ministério da Cidadania discutindo a possibilidade de Maceió ser cidade-sede. Naquele momento poderíamos inclusive receber a seleção Argentina para sermos sede. Eu falei que um VT diário com vídeo institucional de Maceió poderia nos ajudar na retomada do turismo. 60% dos estrangeiros que visitam Maceió são argentinos”, explicou. 

Em outro post, no qual Santa Ritta sugeriu o ex-PGR, Rodrigo Janot se candidatasse ao Senado em Alagoas, Caio Lima reagiu: “Não é esse o ex-procurador que planejou matar um ministro do STF? Aqui não, Ricardinho. Já basta da violência local, não precisamos importar. Pra o Senado, prefiro nosso Ronaldo Lessa”.

“Citei o Janot porque, em nível federal, o ex-procurador teve embates com os senadores alagoanos Fernando Collor e Renan Calheiros e, como no próximo ano, dizem que Collor e Renan Filho vão para o embate, sugeri, mas acho que o PDT deve lançar logo o Ronaldo Lessa. Vamos discutir e debater Alagoas. Ronaldo tirou o pior índice de mortalidade infantil do país à época, fez novo aeroporto, centro de convenções, criou um monumento ao milênio valorizando a lagoa Mundaú e criou o Fundo de Combate à Pobreza ( FECOEP), que precisa voltar a ser utilizada para atividade que foi criado”, justificou Ricardinho.

Sobre outro fato que gerou mal-estar nas hostes pedetistas, a posse de Marcius Beltrão como secretário de Estado, Santa Ritta disse acreditar que o fato também foi resolvido: “Inclusive o Marcius é um dos melhores nomes do PDT para 2022. Sou eleitor dele para deputado federal”, declarou.

Divergências

Outro integrante do PDT, Alexandre Fleming, que assumiu recentemente a coordenação da Fundação Leonel Brizola em Alagoas, também criticou alguns posicionamentos de Santa Ritta no Twitter. 

Ainda sobre a Copa América, em uma postagem onde Ricardinho cita a experiência e a capacidade do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, de dialogar com todos os lados políticos, Fleming respondeu: “Muito me admira você seguir fazendo coro com general, pois o mesmo é tão responsável quanto o titular da presidência. São quase 500 mil mortes, esse torneio é uma afronta a memória de milhares de brasileiros. Além disso, é absurdo independente de vinculações políticas partidárias”.

Ao blog, Alexandre Fleming afirmou que não há nada que passe sequer perto de um racha no partido. “Aliás, o surgimento do termo racha na mídia tem tonalidades e intenções diversas, mas não partiu do PDT, porém alimentam a polêmica. E que mal existe um partido debater publicamente com seus membros? A depender do tom, da forma e dos argumentos, serve muito para nosso crescimento e expressa nosso evidente crescimento e democracia interna”, frisou.

O coordenador da Fundação Leonel Brizola confirmou que existem divergências com Santa Ritta, “mas ainda acho que ele tem muito a contribuir. E segue sendo bem-vindo, claro! Agora, uma vez suas diferenças venham a atingir o programa, legado, história e estatuto do partido, as coisas mudam de figura. Certas posições, no momento atual, não permitem flexões, logo, todo e qualquer gesto, por menor que seja, pode ser interpretado como algum tipo de alinhamento ao Governo Federal. E, necessariamente, provocará inquietações e tensões no diálogo”, concluiu.

O tal “racha” no PDT pode até ser negado, mas pelo menos nas redes sociais, as “fissuras” entre alguns dos filiados do partido estão bem expostas.