Vagner Fernandes é jornalista, pesquisador e escritor — lançou a biografia “Clara Nunes — Guerreira da Utopia”, pela Editora Ediouro, em 2007, reeditada em 2019 —, e, há mais de 20 anos, cobre reportagens na área de Cultura, além de um apaixonado pelo carnaval e portelense nato.

Vagner escreve:

(…) Acho que todos devemos nos redimir em meio a tamanha tragédia. 

Não vou postar foto de céu, de mar, de superlua. Desculpem-me os amigos que tentam levantar o moral de geral nas redes lançando mão deste artifício. Particularmente, não tenho condições. 

Eu opto por usar isso aqui e todas as outras mídias sociais para falar das mazelas do Brasil provocadas por este governo ignóbil. Eu não vou falar de Carnaval neste momento. Eu vou falar de vacina. Na verdade, da falta de vacina. Eu quero expor os problemas dos pacientes oncológicos pobres que estão morrendo na fila do SISREG e do SER, porque as cirurgias eletivas estão suspensas e falta até quimioterápicos em algumas unidades. Não está nada bom, não. As certidões de óbito vêm sendo emitidas aos lotes. Não é invenção do consórcio de imprensa. Perdi o ânimo com o mundo acadêmico, no qual todos ficam tocando o barco e só se indignam virtualmente. Não vejo uma mobilização coletiva dos universitários, dos pós-graduandos, das centrais estudantis, de ninguém. Querem extinguir a Uerj? Vamos fazer um abaixo assinado no “change.org”. 

Nós nos convertemos em tecnocratas da democracia, assinando listas, produzindo videoclipes, lançando podcasts, todos sentados no sofá, enquanto Jair continua a abrir covas. O Brasil está paralisado. A sensatez é não aglomerar em passeata. Mas pode colar no BRT, no trem ou no metrô lotado. Eu não sou artista e nem ex-BBB com dezenas de milhões de seguidores. Apenas um cidadão do Brasil em estado de perplexidade ao vir testemunhando a inação de compatriotas diante da inação de um governo tosco e miserável, que sapateia em caixões chupando pirulitos de ivermectina e cloroquina. 

Há uma tragédia histórica e a coletividade parece não se dar conta. Eu não convivo mais com bolsonaristas. Não quero. Não sou obrigado. Não é desrespeito a quem o escolheu democraticamente. É respeito a mim, à ciência, ao Estado Maior que defende a vida. Já passou da hora de nos unirmos contra Bolsonaro, de darmos início a uma articulação popular para impedir que ele sequer chegue ao segundo turno no próximo ano, de varrê-lo da história política do Brasil. Se você o ama, peço gentilmente que me deixe. #TodosContraBolsonaro

 

Fonte: Facebook do Vagner