Eulina Neta é policial civil, militante do movimento negro e feminista, em Alagoas
Eu tinha 07 anos quando fiz a primeira comunhão. Era novembro, e mamãe, devota de São Benedito, nos levou para acompanhar a procissão. Eu e minha irmã, estávamos vestidas iguais, e a pessoa que coordenava a procissão, nos colocou à frente dos cordões, era assim que diziam.
Bem, algum tempo depois, vejo minha mãe gesticulando muito, e minha Tia Adil tentando segurá-la. Não entendi nada, e continuei caminhando, me sentindo muito feliz.
Quando terminou a procissão, e voltávamos para casa, mamãe dizia para uma amiga, o motivo de estar exaltada. Na saída da procissão, Uma mulher, que estava perto dela, e que com certeza não sabia que ela era minha mãe, disse: "uma roupa tão linda, pena que é em uma negra do bicão”.
O racismo na infância impactou o crescer da mulher, que se fez militante do movimento negro e seguindo os passos do pai se tornou policial civil.
Toda criança tem o direito de crescer sem ser discriminada.
O racismo é atemporal