A escola é um dos lugares mais conservadores da sociedade, e, é no espaço escolar que o racismo toma corpo  e tenta destruir auto estimas, assim, como o caso da menininha do relato abaixo:

 

Esses dias minha mãe lembrou de algo que aconteceu comigo na pré escola, e eu nem lembrava (eu bloqueio lembranças que me fazem mal). 

Eu tinha entre 5 e 6 anos e teríamos a festinha de fim de ano na escola.

 Foi feito sorteio para que os alunos representassem um personagem e eu fui sorteada para ser um dos anjos do presépio. Ensaiamos dias, foram confeccionadas as roupas, no dia da apresentação e eu fui vestida para participar. 

Uma das professoras me olhou e disse: o que essa menina está fazendo vestida de anjo? Nunca vi anjo preto, anjo preto é demônio, ela não vai entrar na apresentação. E arrancou minha fantasia. 

Nenhuma professora me defendeu, não sei se ficaram em choque, ou apenas concordaram, sei lá. 

Minha professora era um amor, não entendo até hoje porque ela não interveio. Enfim, saí chorando da sala onde todos estavam se arrumando e minha mãe só tentou me consolar, chorou comigo, brigou, mas na década de 80 esse tipo de preconceito era simplesmente aceito ou ignorado. 

Eu não me lembrava mais, minha mãe nunca esqueceu. Ela foi me contando e chorando. Minha mãe é semianalfabeta, mas sempre lutou para que tivéssemos o mínimo de educação. Ver ela chorar daquele jeito me partiu o coração. Ela me ajudou a esquecer aquilo, mas guardou para sempre essa memória triste. Graças a ela eu nunca desgostei da escola, muito pelo contrário sempre gostei de frequentar a escola.

Precisamos falar sobre a implementação da  Lei Federal nº10.639/03, e, em Alagoas da Lei Estadual nº6.814/07.

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Fonte: https://www.facebook.com/aescolafala/posts/513026726783860