Doutora e mestre em Ciência Política e professora adjunta na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Luciana Santana avalia, em texto publicado no UOL, que "Desde que o nome de (Renan) Calheiros veio à público como alternativa para assumir a função de relator ocorreram várias movimentações políticas com o intuito de evitar a sua indicação, tanto por parte de aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quanto de desafetos da política local alagoana."
Para ela, a confirmação do senador Renan Calheiros (MDB-AL) como relator da CPI da Covid causou desconforto visível nos políticos governistas e também no próprio presidente Jair Bolsonaro, que proferiu ataques.
"O ataque inusitado a Renan Filho deixa em evidência os traços de bipolaridade política do presidente, já que dias antes da CPI ser instalada, o presidente ligou para o governador em busca de aproximação com o senador Renan Calheiros. Se o presidente diz que há desvios de recursos em Alagoas, o contato não faria nenhum sentido", acredita Luciana Santana.
De acordo com a professora, com o possível desgaste que a CPI pode causar no governo federal, "as chances de êxito eleitoral em 2022 podem ir por terra", desde que comprovada a irresponsabilidade na gestão da pandemia. Por isso a estratégia de Bolsonaro é desviar as atençoes "sobre o seu governo e direcioná-las para os seus algozes já escolhidos desde o início da pandemia, os governadores".
Ainda segundo Luciana Santana, Jair Bolsonaro poderia escolher vários alvos para interferir nos rumos da CPI, mas está optando por agir politicamente em Alagoas - onde na capital ele saiu vitorioso na disputa com Haddad, em 2018 - via adversários dos Calheiros, casos, hoje, dos seus aliados, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Fernando Collor (PROS-AL).
"Outro ponto é a proximidade de Renan Calheiros com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o potencial concorrente mais forte para as eleições de 2022, e que apresenta boas chances eleitorais segundo as pesquisas de opinião desde que voltou a ser elegível. Os ataques a Calheiros podem servir para reforçar o antipetismo no país".
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