O jovem foi surpreendido com a invasão. Assustado com os fuzis e uniformes, suplicou por sua vida, tentando dar provas de sua inocência. Eles não ouviram, não se interessaram pela sua fala. Brancos, tatuados, paramentados para a guerra, avançaram atrás dele, que corria acuado pelas vielas miseráveis da favela onde nasceu e mal cresceu. Atiraram nele.

 Ferido na perna, entrou no primeiro barraco que tinha a porta aberta, de gente que o conhecia e sabia que sua ocupação era só o trabalho duro e mal remunerado, além do futebol com os amigos e a diversão no baile de fim de semana. Os donos da casa suplicaram. Não adiantou.

 Na frente de todos, no precário cômodo que servia de cozinha e sala, atiraram nele de fuzil, enquanto gritavam palavrões sobre sua cor, condição e suposto envolvimento com crimes. Depois, pegaram o cadáver ensanguentado e colocaram o dedo polegar em sua boca, tiraram foto e riram, dizendo que chorou quando viu a polícia. Retiraram o corpo logo após, antes que a perícia chegasse. 

Aos donos da casa, restou limpar sangue e miolos e se conformar com a perda de moveis destruídos por tiros de fuzis. 

Aos assassinos, o prazer do gosto de sangue de jovem negro; ao estado escravocrata, a satisfação; ao governo genocida, a sensação de dever cumprido.

 Aos racista, a convicção de que a justiça racial foi feita.

 

Fonte: internet

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