Aos 13 anos, Taciana Alves, hoje com 36, viu a avó ser atendida pelo Serviço de Socorros e Emergência e decidiu ali o que queria fazer para sempre: salvar vidas. Hoje, quase 11 anos depois de ter alcançado o sonho, por meio de concurso público para o Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL), a bombeira trava uma luta para permanecer na corporação.
Taciana fez o concurso em 2006 e ficou no cadastro de reserva. Ela contou ao CadaMinuto que em 2010 o estado de Alagoas chamou 100 pessoas classificadas no certame e apenas 69 se apresentaram, restando 31 vagas. Foi aí que a bombeira e outros seis classificados conseguiram, na justiça, ingressar no CBMAL.
Desse grupo, todos - inclusive alguns integrantes da Polícia Militar que também estavam sub judice - já foram efetivados, restando apenas o processo de Taciana no Supremo Tribunal Federal (STF). Na segunda-feira, 26 de abril, o ministro Roberto Barroso determinou, liminarmente, que a bombeira deixe o cargo que ocupa há mais de uma década.
A decisão mobilizou os colegas de farda, que estão realizando uma campanha nas redes sociais com a #FicaTaci. A ideia é que o apelo chegue a todos os ministros do STF antes que o advogado de Taciana ingresse com o Agravo Regimental para que o caso seja analisado e revisto pelo Pleno da Corte.
“Eu só preciso que os ministros do STF analisem o processo como um todo, vejam que existem outros processos idênticos que tomaram o rumo da vitória, que existe interesse do próprio Estado de Alagoas em me manter. Todos que entraram foram chamados e ganharam o direito na justiça”, explicou Taciana, acrescentando que os colegas que ingressaram na justiça com ela, em 2010, foram efetivados na semana passada, em atos publicados no Diário Oficial do Estado.
Formada em Educação Física e considerada uma militar exemplar pelos colegas, a bombeira, que é mãe da pequena Melissa, de 5 anos, diz não imaginar sua vida longe da corporação, principalmente na atual crise sanitária e econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus.
“Os próprios militares do Corpo de Bombeiros, entendendo a situação do processo, vendo que é injusta a minha situação, além de saber da necessidade da Corporação, da minha postura profissional, na necessidade de sustentar minha família e do desejo que tenho em continuar trabalhando naquilo que amo, resolveram me ajudar divulgando nas redes sociais, fazendo um abaixo assinado, marcando autoridades competentes que podem resolver a questão... Como pode uma funcionária pública, após mais de dez anos de serviço, perder seu emprego, quando o objeto do direito é o mesmo de muitas outras pessoas que já estão efetivadas?", questionou, emocionada.
A menina de 13 anos e a bombeira militar de 36 seguem no sonho e na função enquanto aguardam a decisão final da justiça.
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