Dandara tem 45 anos. É mulher pobre, doméstica, trabalhadeira (como diz ela) desde que se conhece por gente. Embuchou,  aos 17 anos foi expulsa de casa pelo pai, por ter desonrado a família.

O pai da criança sumiu nos caminhos do mundo e Dandara sofreu todas as dores e abandonos possíveis e impossíveis. Tem uma fragilidade que salta aos olhos. 

O menino dela é um adolescente criado preso, a sete chaves, dentro de casa, pois, tem medo que ele se envolva no mundo das drogas.

Mas, quem vigia o menino quando Dandara sai para trabalhar?

O menino dela está sem escola, pois não conseguiu vaga na rede pública de ensino e não tem dinheiro para a educação privada.

Dandara tem as mãos ásperas das pelejas de vida e o psicológico afetado pelas situações ácidas do cotidiano.

Pergunto pelo significado do seu nome e ela diz que foi uma patroa branca que disse pra mãe, que como a criança  tinha nascido preta ,poderia se chamar Dandara. E ficou.

Ela não espelha orgulho étnico do nome, porque a vida é demasiadamente pesada, que, nem dá tempo de para pensar em feitos heróicos, e quando dizem que ela é uma mulher guerreira, fica brava e diz que de guerreira não tem nada, o que ela carrega é uma vida atribulada, cheia de cansaços. Sem romantismos.

Nossa Dandara que não dá nome a nenhuma  praça, ou logradouro público , é uma mulher preta da vida real e caminha só, sozinha, solamente, sem movimentos de apoio.

Quem é Dandara?!