Estamos na semana da mulher, e como mulher advogada do setor da infraestrutura, tenho notado que várias mulheres estão aportando na área que antes era predominantemente masculina. Para se ter uma noção, o recém criado Infra Women Brazil já conta com mais de 100 mulheres, que trabalham em áreas ainda dominadas por homens, como saneamento básico, energia, portos, aeroportos e transportes.
Os desafios são muitos, mas observo que cada vez mais as mulheres estão chegando no setor e ocupando seus lugares. Grandes nomes se destacam no cenário nacional e internacional, a exemplo da Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos, Martha Seillier, a Secretaria de Apoio ao Licenciamento Ambiental e à Desapropriação, Rose Mirian Hofmann, a Procuradora da INFRAERO, Izabel Araújo Lima, a Diretora de Saneamento na Allonda Ambiental, Sueli Oliveira, a Coordenadora de Engenharia na SEINFRA, Leonor Aguiar, Andrea Marques de Almeida, única brasileira na lista da Forbes das 100 mulheres mais poderosas do mundo pelo segundo ano consecutivo, diretora executiva de finanças e relacionamento com investidores da Petrobrás, dentre outras tantas grandes profissionais que atuam na infra Brasil afora.
Os processos de tomadas de decisões e de rentabilidade dos investimentos têm exigido cada vez mais dinamismo, empenho, preparo, equilíbrio e inteligência emocional. Modéstia parte, nós, mulheres, conseguimos administrar as mais diversas situações, impondo firmeza, técnica nas decisões e projetos, sem perder a delicadeza, característica especial e exclusiva.
Falando um pouco da minha vivência no setor, tenho observado que todos os dias avançamos um pouco mais, percebo que ainda temos muito o que aprender e caminhar, pois é evidente a predominância masculina, e alguns colegas não recebem tão bem a chegada do sexo oposto. Diversas lacunas precisam ser suplantadas com certa urgência, como a superação dos obstáculos colocados e a ocupação dos espaços por mulheres. Isso apenas será possível se continuarmos a nos preparar tecnicamente e mostrarmos sem medo que os espaços necessitam ser preenchidos por pessoas capazes e competentes, independente do sexo, cor, raça, credo, e principalmente, por nomes técnicos.
Segundo estudo do IBGE, divulgado no ano de 2018, as profissões com maior nível de instrução (advogados e cientistas) possuem uma maioria feminina. Entretanto, as diferenças salariais existem e ainda chamam atenção, devido às mulheres serem remuneradas com valores inferiores quando comparado aos homens que ocupam cargos idênticos.
Vocês devem estar se perguntando o porquê desse texto? Então, como falei no início, estamos na semana da mulher, e o blog trata sobre infraestrutura. Com isso, decidi escrever sobre a participação feminina no setor por observar a crescente atuação e a chegada de mulheres cada vez mais preparadas. Contudo, precisamos que políticas públicas de incentivo às mulheres sejam implementadas pela administração pública e pela iniciativa privada, uma vez que ainda precisamos do apoio de toda a sociedade, pois ingressar na área não é uma tarefa fácil, sem incentivos, implementação de políticas públicas, e o apoio das lideranças do setor torna-se ainda mais complicado.
Homens e mulheres são iguais em direitos e deveres, por isso, é inaceitável qualquer tipo de discriminação ou ideologia de gênero. Sou devota do diálogo e da construção de pontes, enxergo os homens como aliados e não como concorrentes, no entanto, vejo que a recíproca não é verdadeira em alguns casos.
Temos tripla/quádrupla jornada, principalmente as mães. Vivencio na pele o dilema diário entre participar de uma reunião, realizar uma viagem de trabalho/estudo ou ficar com meu filho; todas às vezes que preciso me ausentar do meu lar para trabalhar e/ou estudar, sou questionada sobre quem ficou cuidando de casa, como se a mulher fosse a única responsável pelo bom andamento do lar.
Enfrento dificuldades, preconceito, percebo os olhares enviesados, as conversas de pé de orelha, mas tiro tudo isso de letra. Sei que eu não sou a única a enfrentar essas situações, como também tenho plena consciência de que preciso estender a mão para as mulheres que ainda não conseguem ter a mesma coragem e/ou mesmas oportunidades. Sinto que é necessário ter empatia, exercitar a SORORIDADE e a SOLIDARIEDADE.
Somos as responsáveis por nossas vidas, estamos ocupando espaços antes vistos como masculinos, e tudo isso só é possível graças a outras mulheres que enfrentaram obstáculos gigantes e abriram caminho, a exemplo de: Joana D'arc, Amélia Earhart, Margaret Thatcher, Rosa Parks, Valentina Tereshkova, Myrthes Gomes de Campos, Cora Coralina, Cecília Meireles e entre outras grandes mulheres que ultrapassaram preconceitos e inspiraram gerações, dando voz e vez para todas as outras que vieram depois.
Parabéns, mulheres. Parabéns mulheres da infraestrutura. Vamos comemorar todas as nossas vitórias sem esquecer que precisamos dar as mãos umas as outras no sentido de nos fortalecermos.
Fontes: IBGE e InfraWomen.
Imagem: Boreau Veritas
Por Andréia Feitosa
Advogada e Consultora, mestranda em Direito pelo Instituto Brasiliense de Direito – IDP, pós-graduada em Direito Eleitoral pela Fundacem/Salvador, sócia do Escritório Andréia Feitosa Advocacia & Consultoria, localizado na cidade de Maceió/AL. Possui vasta atuação na esfera cível e trabalhista, e nos últimos anos tem se dedicado ao Direito Público. Atualmente preside a Comissão de Universalização do Acesso à Água e Saneamento Básico da OAB/AL, Secretaria Geral da Comissão Nacional dos Juizados Especiais da OAB Nacional, membro da INFRA Women Brazil.
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