A imagem da foto não combina com os primeiros dias e primeiros lances da gestão JHC. Até o momento em que escrevo este texto, no começo da tarde desta segunda-feira, o novo prefeito de Maceió ainda não anunciou o secretariado. Deve ser caso único no Brasil. A nova gestão começou em primeiro de janeiro sem que João Henrique Caldas cumpra o básico na hora da largada: apresentar a equipe e tocar o trabalho. Como assim? O que houve? Tem alguma confusão, alguma dificuldade? Alguém precisa acordar o prefeito. A “mudança de verdade” começa com jeitão de amadorismo.
Por isso que a foto aí no alto não combina com a realidade. A imagem produzida pela assessoria parece tentar mostrar um gestor “focado”, não é isso? Juventude. Rapaz antenado com o mundo 5G. Sobriedade e decisões rápidas. Na vida real, no quarto dia de sua administração, JHC se complica logo na montagem do time. E olhe que na campanha ele garantiu que não haveria pressões para formar o secretariado. Foi tudo o contrário.
Dois aspectos foram determinantes para a demora de JHC em fechar os nomes. O primeiro é previsível e tem de ser encarado pelo comandante: a cobrança dos aliados. É legítimo que assim seja, diz um dos mandamentos tacitamente aceito como lei em todas as esferas da gestão pública. Cabe ao prefeito (qualquer prefeito) dialogar, ouvir e decidir, com firmeza e transparência. É o que deveria ser feito por JHC. Mas ele se atrapalhou.
É o segundo aspecto que explica a letargia para um simples anúncio de uma equipe de trabalho. No entorno do homem já tem gente achando que ele demonstra “insegurança” nesses primeiros momentos. Não é para menos. A desenvoltura do prefeito nas redes sociais não chegou à sua atuação como parlamentar. JHC terá de mostrar que não foi apenas um falastrão arrumadinho de campanha eleitoral. E assume no meio da crise nacional.
Uma das confusões na montagem do secretariado foi com o PDT, o partido de Ronaldo Lessa, o vice de JHC. (Essa tabelinha tem tudo pra fazer barulho, mas este é outro assunto). Na montagem da aliança com o PSB de JHC, os pedetistas levam duas secretarias. Foi o que o então candidato fechou com seu parceiro de vice. Lessa, disparadamente a maior liderança do PDT alagoano, foi contestado na legenda por sua conduta nesse processo.
Falei de amadorismo. É uma crítica leve, digamos assim. Não há como ser diferente. Até porque o novo prefeito acaba de chegar. A lambança com o anúncio de algo tão prosaico – é só a formação da equipe – não autoriza pancadaria sobre a qualidade do gestor JHC. Dá, sim, uma pista um tanto preocupante sobre sua capacidade de liderança. Mas a ação amadora se completou com o vazamento de nomes que devem ser nomeados.
A lista saiu no começo do dia. Até o meio da tarde desta segunda ninguém da turma do prefeito havia confirmado ou negado a informação. E tem um dado quase de comédia. Eu já vi ocasiões em que dois ou três nomes de uma equipe bem maior são vazados para a imprensa. É a primeira vez que vejo o vazamento de uma equipe inteira, com nome, sobrenome e o cargo a ser ocupado. Isso é quase “vazamento profissional”, com assessoria e tudo.
Na lista vazada, que o leitor pode conferir em reportagem do CADAMINUTO, há nomes conhecidos e previsíveis. Há também gente de quem nunca ouvi falar. E existe até uma pasta especial para tratar de Covid-19. Outra, criada exclusivamente para gerir o caso Pinheiro-Braskem, já havia sido anunciada por JHC. Porque o secretariado ainda não é oficial, não comento os nomes agora. Vamos esperar a decisão do hesitante prefeito.