29 de dezembro. Abro os sites de notícias e as redes sociais, e encontro várias matérias sobre festinhas privadas pré-réveillon. As pessoas dançando, sem máscaras, aglomeradas e comemorando. Eu te pergunto: o quê? 

Quando a pandemia começou, eu acreditei fielmente que essa lição seria importantíssima para a nossa evolução. Afinal, o mundo anda meio doido. Muito ódio, reclamações, preconceitos… Eu pensei: ‘tá aí, chegou o momento mais doloroso que vamos enfrentar e que vai mudar a nossa forma de enxergar o mundo’. Muitas pessoas realmente acordaram. Outras não.

Não sei se é na tentativa de ‘vamos viver tudo que há pra viver’ porque não se sabe como será o amanhã, se é descrença do vírus ou se é apenas falta de empatia/caráter.

E a sensação que eu tenho é que não adianta falar sobre quais são os danos que o vírus pode causar, que se você se contaminar pode contaminar outra pessoa e causar a morte dela. Não adianta falar nas vidas que se foram, nos sonhos que foram interrompidos. A verdade é que praticamente ninguém está nem aí.

Se a espiritualidade estiver certa, nós ainda vamos viver péssimos momentos até que aprendamos estamos no mesmo mundo e que todos nós dependemos uns dos outros. Mas muita gente acha que isso é balela.

E a prova de que não aprendemos nada é quando vemos uma crise mundial, um vírus que mata e as pessoas preocupadas com festinhas de réveillon. E festinhas só no diminutivo… porque segundo noticiou o Cada Minuto mais cedo, a organização de um evento em Alagoas divulgou um guia para os participantes detalhando toda dinâmica dos eventos, estrutura  e também o perfil das pessoas que poderiam adquirir os pacotes ofertados. 

Segundo informações do Grupo Diretoria SP, organizadora do evento, 48% dos seus participantes recebem em torno de R$ 30 a 40 mil mensais. Outros 26% têm rendimentos de R$ 20 a 30 mil, 19% recebem acima de R$ 40 mil  e apenas 7% recebem de R$ 10 a 20 mil.

Surpreende? Não. Enquanto isso, quem paga ‘o pato’ são os mais vulneráveis. É uma verdadeira tragédia sanitária. 

Pro vírus, ainda esperamos uma cura - que acreditamos que será a vacina - mas remédio para empatia e falta de caráter não se compra na farmácia.