Em carta endereçada ao senador Renan Calheiros, presidente do MDB em Alagoas, o vice-governador Luciano Barbosa renunciou à vice-presidência do diretório do partido e desabafou sobre o imbróglio envolvendo a sua candidatura a prefeito de Arapiraca, não reconhecida pela sigla. Barbosa afirmou ainda que sua pré-candidatura sempre foi de conhecimento geral e questionou as agressões que vem sofrendo.

“Processo de ética por requerer um pedido de registro de candidatura? Expulsão? Não via esse rigor ético do MDB em relação aos filiados que foram envolvidos em escândalos e até mesmo condenados por corrupção”, alfinetou o vice-governador em um trecho do documento, acrescentando esperar que o bom senso e o espírito democrático pelos quais o senador é conhecido voltem a imperar no MDB de Alagoas “e que a força, a ilegalidade, a truculência, não passem a ser instrumentos para impor vontades ou percepções individuais equivocadas”.

Barbosa prosseguiu dizendo que o partido nunca deliberou pela impossibilidade estatutária do vice-governador ou qualquer deputado pleitear indicação na convenção partidária, sendo de conhecimento geral que ele e o deputado estadual Ricardo Nezinho buscavam a indicação: “Ouso afirmar, com o devido respeito, que soa desonesto não admitir que a minha pré-candidatura era pública, amplamente conhecida do nosso grupo político”, afirma.

O vice-governador destacou, em outra parte do texto, que a atual situação política implantada no MDB “está permeada de atos e ações excêntricas que jamais foram direcionadas contra nenhum outro filiado” e afirma não compreender a razão de “tamanha agressão, justamente contra quem sempre esteve junto em todos os momentos vivenciados pelo partido e especialmente ao lado de vossa excelência”.

Ao renunciar ao cargo de vice-presidente do diretório estadual, Barbosa pontuou que o faz por “não concordar com os atos unilaterais praticados em meu desfavor, contra o legítimo diretório municipal de Arapiraca e o querido povo arapiraquense”.

Ele também reforçou que o projeto político de disputar a eleição em Arapiraca não é pessoal, mas advindo da vontade dos arapiraquenses e dos emedebistas locais, “escorraçados pelo diretório estadual”, mas cientes da necessidade de devolver ao partido o comando político da maior cidade do interior do estado de Alagoas.

O candidato a prefeito disse também que a cidade vem de uma administração desastrosa e que ambições pessoais ou desentendimentos políticos, circunstanciais, não ajudam o município a se reerguer. “Os atos de força ilegalmente praticados contra a minha pessoa, o diretório municipal e centenas de filiados, exibidos publicamente como exemplo aos aliados que porventura divirjam da cúpula, certamente não soaram bem no meio político e escandalizaram a população de Arapiraca, ainda perplexa”.

“Não é bom exemplo para Alagoas e para a cidadania, nem colabora para o desempenho político eleitoral do MDB, essa atitude de terra arrasada, com a sequência de atos truculentos, anulando uma convenção legítima, dissolvendo indevidamente um diretório municipal leal aos interesses e projetos do partido e tentando aniquilar, sabe-se lá por qual razão, as chances concretas de eleger o prefeito e uma boa bancada de vereadores na segunda maior cidade do estado”, complementou em outro ponto do documento.

O vice-governador fez ainda alguns questionamentos: “Que exemplo inusitado é esse que está sendo exibido para Alagoas, onde o próprio diretório estadual impugna ilegitimamente uma candidatura e suas hostes com amplas chances de vitória? A quem serve a cruel instauração de processo de expulsão sem a mínima e justa causa, coroando um rolo compressor e fundamentado no curioso argumento do pedido de registro da minha candidatura prefeito? A quem interessa e por quê? Seguramente não é ao MDB”.

No final da carta, Barbosa frisou que sua serenidade não se confunde com apatia ou covardia, e garantiu que seguirá combatendo o bom combate enfrentará, nas esferas institucionais, as injustiças das quais está sendo vítima. 

Conforme informado ao blog, o MDB ainda não recebeu oficialmente a carta, datada do dia 5 de outubro.

Veja a carta na íntegra