Redes sociais, interação com grupos e levantamento de discussões pertinentes têm formado um conjunto de mecanismos propícios ao aceleramento da integração de jovens na política, potencializando e dinamizando o processo eleitoral e representação deles junto à sociedade. Como a cada eleição o modelo se renova, o presidente Instituto de Direito Eleitoral de Alagoas enfatiza que o eleitor em geral, de alguns anos para cá, passou a assumir um protagonismo maior no debate político e no processo eleitoral, utilizando-se de uma democracia mais direta e participativa.

Para o advogado e presidente do Instituto Eleitoral, Henrique Vasconcelos, a interação, sobretudo com os jovens, e os agentes políticos é uma constante. “E esse fenômeno sócio-político se dá, notadamente, em razão do maior interesse dos jovens no debate público e pela inserção de novos meios de comunicação social que democratizaram as informações e agruparam as tribos, seja de que espectro for”, colocou ele. 

Vasconcelos coloca ainda que existem instrumentos que podem ajudar e acelerar uma maior participação e representação dos jovens junto à sociedade. “A nossa Constituição Federal reserva aos partidos políticos a prerrogativa das candidaturas, sejam elas a cargos proporcionais ou majoritários. E, embora os nossos partidos estejam tentando se reinventar diante da falência do nosso sistema político, a própria Lei dos Partidos Políticos estabelece cotas do fundo partidário para que as agremiações invistam na educação política de seus filiados e simpatizantes. Portanto, assim como as próprias redes sociais são molas propulsoras para eventual qualificação e alcance dos interessados a arena do debate político, os partidos políticos e os “movimentos de renovação política” são ambientes próprios para a efetivação da inserção dos jovens no processo eleitoral”, explicou ele. 

Advogado e presidente do Instituto Eleitoral, Henrique Vasconcelos

 

Ele chamou atenção ainda que para agregação que o discurso da “nova política” vem ganhando, principalmente na conquista do eleitor. Segundo o advogado, diante do cenário que se apresentou na política nacional desde o início da operação Lava Jato, é fato que aqueles políticos que tenham ligação com as chamadas “velhas práticas” da política convencional têm levado desvantagem em relação ao “novo” que consegue se apresentar de forma organizada, estruturada e qualificada, o que torna o cenário mais convidativo a participação dos jovens.

Do octógono de MMA para a política 

Quando a lutadora de MMA Bárbara Acioly sentiu a proximidade entre o esporte e política, ela conseguiu perceber a necessidade de uma representação mais efetiva do segmento para que pudesse conseguir maiores investimentos para os atletas. 

“Na verdade nunca me vi no meio político, mas sempre percebi a necessidade de ter pessoas com a vivência do esporte no meio político, pois vi e vejo muitas coisas que são deixadas de lado que teriam um futuro enorme, a necessidade de ir pra outros estados, que valorizam mais o esporte do que aqui, e que, infelizmente tudo é política. Então, quando surgiu o convite, pensei porque não? Precisamos no mínimo mostrar as dificuldades do esporte e que precisamos de alguém que se importe em mudar essa realidade”, contou a lutara. 

Bárbara Acioly

Pela primeira vez como pré-candidata, pelo PSB, Bárbara colocará seu nome à disposição dos eleitores nas urnas em novembro deste ano e revela que nunca participou de nada com cunho político justamente pela ausência de apoio dado pelos agentes públicos. 

A lutadora reconhece que o país, como um todo, vem passando por um momento conturbado e as pessoas que estão buscando, cada dia mais, representantes que se adequem às suas necessidades. “Porém, vivemos um momento conturbado na política brasileira, temos que renovar com toda a certeza, mas renovar por pessoas que vão de fato, buscar melhorias e lutar pelo certo, buscando embasamentos verdadeiros para melhorar a sociedade”.

Uma história de vida 

Ao contrário Bárbara, o pré-candidato Lucas Costa (Podemos) já teve seu primeiro contato com os eleitores e o resultado da urna. Ele conta que iniciou sua carreia política em 2010 apoiado pela sua Tia Adriana. “Minha paixão pela política começou cedo, minha Tia Adriana sempre foi muito ligada a movimentos sociais e desde pequeno me carregava com ela, desde caminhadas a acampamentos. Então sempre nutri um envolvimento pelas questões mais relevantes da sociedade, pelas suas maiores dores. Me tornei cadeirante aos 10 anos, e em toda minha vida sempre fui muito ligado a esportes, mesmo antes de ser uma pessoa com deficiência. Sempre participei de todas as atividades esportivas, na escola e fora dela. Fiz natação, xadrez, tênis de mesa, judô, até futsal de moletas eu já fiz.  Aos 15, a convite do Professor Pablo, ingressei no basquete em cadeira de rodas. E a partir disso, minha percepção para importância de fazer parte ativamente da política começou a mudar. Em 16 anos como atleta, fui Campeão Panamericano no México com a Seleção Brasileira e viajei boa parte do país, conheço a fundo a realidade do paradesporto e das pessoas com deficiência. Já fiz parte de algumas associações, e a nossa situação é calamitosa, e necessita de pessoas extremamente comprometidas com causas socais para reverter esse quadro”.

Lucas Costa 

Para Costa, o engajamento dos jovens é crucial dentro do processo, principalmente pelo fato marcante da presença em atos de grandes modificações políticas. “Minha geração é uma geração não tão ativa politicamente, por inúmeros fatores, inclusive a descrença no velho modo de fazer política. E a descrença está atrelada à demagogia. Hoje, a juventude cansou da inércia, cansou de esperar sentado por mudança. Estamos em um momento onde não se admite mais a corrupção, onde não podemos mais banalizar os crimes de colarinho branco. Precisamos levantar e lutar, e isso precisa partir da juventude. Precisamos estar em vigília constante dos políticos que elegemos e hoje a renovação deixou de ser algo utópico para ser algo necessário”, afirmou ele.