E assim escreve o colunista Leo Dias. Vai lendo...

(...)"Chegamos então ao país da desigualdade social, o Brasil. Aqui, a elite da elite, o 1% da população, concentra 27,8% da renda. É o país número 1 da renda concentrada, à frente da Índia e da Argentina. Talvez esses números provem porque a nossa burguesia continua distante do que acontece nas ruas de todo o país.  A Vogue Brasil estampa Gisele Bündchen, a modelo brasileira branca e loira, em um ensaio de arquivo. Isso mesmo, o que no jornalismo é conhecido como "ensaio de gaveta". Usado, normalmente, quando nada acontece. Usados normalmente em publicações atemporais. Tipo, não faz diferença alguma o mês que for publicada. Essa capa representa mais do que preguiça jornalística, é a prova do quão distante a publicação da Vogue neste país onde você vive está da atual realidade. Para quem não sabe, mesmo aposentada, e com todo o mérito, Gisele é a 16ª mulher mais bem paga no setor de entretenimento do mundo. A Coluna só não entende até agora qual o significado de colocar Gisele na capa justamente deste mês. A primeira vez que Gisele estampou a capa da Vogue Brasil foi em 1997. De lá pra cá, foram mais de 10 edições com a supermodelo brasileira. A desastrosa edição de maio da Vogue Brasil, editada pelo Grupo Globo, fala em "Novo Normal". A Coluna continua sem entender o que seria o que significa isso. Novo Normal? É novo? 
Ou é normal? Boiei. A capa da Vogue brasileira representa muito sobre o que pensa nossa elite neste momento. Continua fútil, continua desatualizada e parada num tempo que não existe mais, alheia, como sempre, a tudo o que acontece na sociedade, como se não fizesse parte dela. Esta coluna se envergonha da edição nacional de uma marca com tamanha relevância no mundo inteiro. Mostra que o mundo está voltado para um lado, e nós, para o lado oposto. Como sempre. Vale lembrar que em fevereiro de 2019, a diretora da Vogue Brasil da época, Donata Meirelles, fez uma festa de aniversário em Salvador, a orgulhosa capital negra do nosso país, no maior estilo "trono de sinhá", que remetia aos tempos mais assombrosos de nossa história, durante a escravidão. Vale lembrar que, novamente, o Brasil foi um dos últimos países da Terra a abolir a escravatura. Sentada no tal trono, Donata posava feliz ao lado de duas senhoras negras, alheias àquela vergonha. A foto causa comoção nacional. Dias depois, o famoso e luxuoso Baile da Vogue, onde a elite deste país se encontra para celebrar o Carnaval foi adiado. Como se o tempo fosse apagar tal imagem. Logo a seguir, Donata pediu demissão da publicação. Mas parece que nada mudou nas cabeças pensantes da edição brasileira da revista mais famosa da história do mundo. Ufa! Apenas para simbolizar como esta redação não representa nossa sociedade, outras grandes publicações mostraram-se conectadas. A Claudia estampa mulheres, profissionais da saúde, relatando seus medos e suas angústias. A Marie Claire edição América Latina também foi brilhante e mostrou a imagem de uma enfermeira com o título "As reais influenciadoras". A pergunta que esta coluna faz é até quando a nossa elite vai representar a escória da sociedade?"


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