A repercussão da reunião ocorrida ontem (6) com a médica Sandra Maria, diretora do Instituto de Saúde e Cidadania (Isac), entidade responsável pela gestão das UPAs Trapiche, Benedito Bentes, Marechal Deodoro e Rio Largo, e novos apelos para flexibilização do decreto governamental sobre o isolamento social e para a adoção urgente de medidas para minimizar o impacto econômico da pandemia estiveram em pauta na sessão desta terça-feira (7), na Assembleia Legislativa. A sessão voltou a ocorrer de forma presencial, mas contou com a participação virtual da maioria dos parlamentares.
Primeiro a falar, Davi Maia destacou que, conforme a diretora do Isac, os dois pacientes que morreram em decorrência do Coronavírus, ambos internados na UPA do Trapiche, não foram transferidos para hospitais de referência devido à ausência de leitos disponíveis.
Criticando a falta de clareza do governo do Estado em relação aos dados na área da saúde, o parlamentar cobrou também ações e projetos para recuperação da economia pós-pandemia. Ele anunciou ainda que protocolou na Casa um projeto de lei autorizando o acesso, pelo Poder Executivo, de 50% dos recursos disponíveis em fundos do Tribunal de Justiça, como o Funjuris, do Ministério Público, Defensoria Pública, Poder Legislativo, entre outros, para que o dinheiro seja investido no resgate da saúde e da economia.
“O secretário da Fazenda, George Santoro, também precisa vir a público dizer qual é o projeto de resgate da economia... Vejo todos corretamente cobrando do governo federal, pela demora na liberação da Renda Mínima, mas precisamos também de atitudes do governo do Estado... Temos uma economia lastreada no turismo e serviços e até agora nenhum tuite, nenhuma live no Instagram, nenhum post sobre quais os projetos do governo para recuperar a economia”, afirmou Maia.
Em aparte, Cabo Bebeto reforçou a cobrança do colega em relação à adoção de medidas, por parte do executivo estadual, para minimizar os impactos econômicos do isolamento social e voltou a apelar por uma maior flexibilização do decreto: “Todos os dias as pessoas falam comigo que estão desesperadas... A população está pensando assim: ou morro de fome amanhã ou talvez adoeça de Coronavírus daqui a 15 dias... A fome é hoje e as pessoas mais humildes estão desesperadas, estamos vendo isso nas ruas”.
Também em aparte, Bruno Toledo cobrou que o governo do Estado apresente à sociedade o detalhamento de como o sistema de saúde se preparou para enfrentar a pandemia. Pare ele, a fala da diretora do Isac ontem deixou claro que, o período de cerca de 20 dias de isolamento social deveria, mas não foi crucial para o planejamento do setor.
Ainda sobre a reunião com a médica Sandra Maria, a deputada Jó Pereira voltou a destacar a importância de ampliar o número de testes para detecção do Coronavírus, lembrando que, conforme dito pela própria diretora do Instituto, os resultados - que estavam levando em média cinco dias - eram condição para transferência dos pacientes.
Pontuando a preocupação com o fato de as UPAs não possuírem estrutura para internação, principalmente devido à ausência de leitos de UTI, Jó informou que o governo já revisou o fluxo de atendimento de pacientes com suspeita do Covid-19 e tem se esforçado, inclusive para corrigir alguns encaminhamentos, mas cometeu um “erro de comunicação” ao divulgar os números de leitos disponíveis: “Foram anunciados 200 leitos de UTI específicos, mas ainda não temos. O Estado está se preparando para ter e eles vão existir até maio, mas hoje temos 52 leitos de UTI específicos para pacientes com Coronavírus”.
Ela também frisou que, conforme estimativas do próprio secretário de Saúde, Alexandre Ayres, para cada leito de UTI específico, serão necessários de três a quatro vagas em enfermarias para isolamento, representando de 600 a 800 novos leitos, o que ainda está sendo providenciado.
Jó anunciou ainda a reunião do Conselho do Fecoep, que acontece nesta tarde e na qual será analisado o projeto de distribuição de 200 mil cestas básicas, e voltou a defender a importância do Parlamento cobrar e protagonizar a instalação do “Comitê da Primavera” para pensar o futuro de Alagoas: “A retomada econômica precisa ser pensada e planejada hoje para ser executada depois... Isso é necessário, levando em consideração todos os problemas e impactos futuros”.