A morte do primeiro paciente vítima de Coronavírus em Alagoas voltou a repercutir na sessão desta quarta-feira (2), na Assembleia Legislativa. Além de cobrarem uma maior organização no fluxo de atendimento aos pacientes com sintomas de Covid-19, os deputados criticaram a falta de ações, por parte do Poder Executivo, para recuperação econômica e social do estado durante a após a pandemia.
Primeiro a falar, o deputado Cabo Bebeto relatou que, conforme o depoimento de familiares da primeira vítima fatal do Coronavírus no estado, na UPA do Trapiche, onde o paciente estava internado, foi dito que ele não seria transferido para um dos hospitais de referência porque não havia leitos disponíveis. Ele cobrou também maior agilidade nos resultados dos exames para detecção da doença.
“O governador anunciou pelo menos 85 leitos nas UTIs... Essas vagas anunciadas existem mesmo? Porque na UPA avisaram que não tem UTI disponível?”, questionou, informando que amanhã, sexta-feira, ele e o deputado Davi Maia irão se reunir com a direção do Instituto Isac, responsável pela gestão da UPA do Trapiche.
Bebeto cobrou ainda que o Estado apresente soluções econômicas para que as pessoas consigam sobreviver durante a crise.
À deriva
“Vivemos uma crise gestada dentro do próprio governo, que alardeou que estava preparado para enfrentar a pandemia, com toda a retaguarda resolvida... Ele que anunciou isso e agora o sistema foi posto em prova e falhou... O governador já está sendo taxado de ‘Renan Paraguaçu’ nas redes”, disse Davi Maia, em aparte, se referindo ao personagem Odorico Paraguaçu, prefeito da fictícia Sucupira.
“As UPAs não dialogam com os leitos e os alagoanos estão desnorteados, sem saber a quem procurar... Sei que o momento é difícil, a pressão é grande, mas o governador perdeu a mão, perdeu o rumo da condução por querer posar de herói... Qual o protocolo de atendimento dos leitos? Onde é a porta de entrada? Adoeci, para onde vou? Com quem eu falo?, esse protocolo não está em canto nenhum... Estamos em uma nau onde o capitão se afogou”, prosseguiu o deputado.
Para Davi Maia, o governador também precisa anunciar medidas para o resgate econômico e social de Alagoas. “As pessoas estão passando fome”, disse, relatando as filas formadas ontem, no Vergel do Lago, para o recebimento de cestas básicas distribuídas pelo Centro Espírita Nosso Lar.
Protocolo de atendimento
Também em aparte à fala de Bebeto, a deputada Jó Pereira voltou a destacar que é imprescindível organizar o fluxo de atendimento dos pacientes na rede de saúde. “O primeiro caso que testou o sistema, infelizmente não teve êxito e precisamos aprender com o erro, precisamos desenhar esse fluxo para que ele atenda as pessoas... O senhor que faleceu estava desde o dia 17 de março dentro do sistema de saúde e terminou na UPA do Trapiche... Há outras pessoas relatando sintomas que estão sendo encaminhadas para casa”, alertou.
Jó apelou ainda para que o governador e os prefeitos avaliem a possibilidade de, assim como começou a ser feito hoje na rede particular de ensino, iniciar aulas online ou viabilizar outra forma para que os estudantes da rede pública não sofram tanto com a demora na conclusão do ano letivo.
Sobre o protocolo de atendimento aos pacientes com suspeita de Coronavírus, os deputados Ricardo Nezinho e o líder do governo, Silvio Camelo explicaram que a primeira orientação é procurar o posto de saúde mais próximo.
“Depois, se for constatado que o paciente está com problema gripal, são feitos os exames e o paciente é mandado para casa enquanto o resultado sai... Se a situação se complicar, com falta de ar, ele deve ser internado. Esse é o protocolo”, disse Camelo.
Equilíbrio
Por fim, o deputado Bruno Toledo apelou ao governo pela retomada da atividade econômica e defendeu o isolamento vertical: “O isolamento social não me parece muito difícil para quem tem a questão financeira resolvida, mas para aquele que precisa matar um leão por dia para alimentar sua família, os efeitos desse isolamento serão mais danosos que os efeitos do vírus... Tenho recebido vários apelos, porque a fome já está batendo na vida das pessoas”.
O parlamentar Apelou para que seja encontrado um ponto de equilíbrio que permita a continuidade do achatamento da curva de contágio, porém sem paralisar a atividade econômica, para que os efeitos dessa paralisação não sejam ainda mais danosos do que já estão sendo.