A morte do primeiro paciente vítima de Coronavírus em Alagoas repercutiu na sessão desta quarta-feira (01), na Assembleia Legislativa, quando foi aprovado um requerimento convidando a direção do Instituto Saúde e Cidadania (Isac), responsável pela gestão das UPAs Trapiche, Benedito Bentes, Marechal Deodoro e Rio Largo, a esclarecer as circunstâncias do atendimento, da internação e do óbito, ocorrido ontem, na UPA do Trapiche.
Quem trouxe o assunto ao plenário foi o deputado Davi Maia, autor do requerimento, em conjunto com o deputado Cabo Bebeto. Classificando o episódio de “nebuloso”, Maia criticou a “ânsia” do governador em anunciar a morte, em seu Instagram pessoal, antes mesmo de a família da vítima ser informada do resultado positivo do exame.
“Tem nota da gestão da UPA do Trapiche dizendo que não conseguiu a transferência do paciente para outros hospitais... Isso nos deixou bastante proecupados, porque o governador fala sempre que as UPAs estão habilitadas para atender os casos de Covid-19 em Alagoas”, destacou Maia, questionando ainda a suposta demora no resultado do exame e o “festival de fake news” proporcionado por Renan Filho.
Cabo Bebeto também cobrou respostas para as denúncias dos familiares do paciente de que a UPA não possuía estrutura adequada para o atendimento e criticou o que considerou “uma gigantesca gafe do governador” em divulgar a causa da morte antes de informá-la à família.
“Precisamos ouvir a administração da UPA para que ela garanta que os pacientes de Coronavírus terão atendimento adequado nesses locais, porque nesse primeiro caso, o que vimos foram filho, nora e neta da vítima revoltados com a forma como tudo ocorreu”, reforçou.
Estrutura
Líder do governo, o deputado Silvio Camelo lamentou o óbito e, destacando que o Executivo não tem poupado esforços no enfrentamento ao Coronavírus, citou que o estado há tem 85 leitos disponíveis para pacientes do Covid-19 nos hospitais de referência.
“O governador está no Instagram porque precisa mostrar que não se omite... Estamos enfrentando uma guerra e vamos, com união, vencer essa guerra com o mínimo possível de vítimas, que infelizmente existirão”, pontuou.
Também em aparte ao pronunciamento de Davi Maia, a deputada Jó Pereira elencou suas preocupações com as “informações truncadas” envolvendo a morte. “Acho que foi descaso divulgar a informação da causa do óbito sem antes comunicar a família, mas é preciso que tudo isso sirva de alerta... A percepção que passa, neste caso, também é da falta de um fluxo definido de atendimento, apesar dos leitos disponíveis... Porque eles ainda não estão sendo usados? Porque esse senhor que faleceu não foi transferido da UPA para os hospitais de retaguarda, se existem leitos?", questionou.
“Fica o alerta para que haja esse fluxo de informação de atendimento... É necessário organizar, definir bem esse fluxo, informar os profissionais de saúde e à toda sociedade sobre ele, para que inclusive evitemos também a propagação... O governo tem se esforçado muito, mas tão importante quanto disponibilizar os leitos é o planejamento de como eles serão utilizados”, concluiu Jó.
Os deputados Francisco Tenório, Marcelo Beltrão, Inácio Loiola e Ricardo Nezinho também se pronunciaram sobre o assunto. Os três primeiros reforçaram a preocupação com o que aconteceu e com a estrutura do Estado para o atendimento dos casos do Covid-19 e Nezinho, além de defender as ações tomadas pelo governo, parabenizou Renan Filho “por estar colocando a cara à tapa: “O grande remédio hoje é a prudência e o isolamento social”.