Judy Garland maravilhou o público como a doce menina do Kansas que vai parar no mundo mágico de Oz em 1939, mas em 1968 não havia mais tanta fantasia na vida da atriz e cantora.

"Judy" (2019) é a cinebiografia de Garland em sua passagem conturbada por Londres em 1968 durante uma série de concertos que fez na capital inglesa. Permeando o filme também temos flashbacks de Judy nos bastidores de seu primeiro longa, "O Mágico de Oz" (1939). Nesse lugar escondido do grande público descobrimos como os abusos e a pressão da indústria cinematográfica, personificada na figura do chefão do estúdio MGM, Louis B. Mayer, influenciaram os vícios e instabilidade emocional da mulher que nunca parou de caminhar pela estrada de tijolos amarelos.
Renée Zellweger está muito bem interpretando Garland. Além da semelhança física, especialmente nos planos em que está de perfil, a atriz buscou copiar o olhar e trejeitos da biografada, mas seu grande mérito foi nos passar a sensação constante de esgotamento que Judy exalava. Triste ver o rumo não apenas da carreira, mas de sua vida. Por mais irônico que pareça, a eterna interprete da garotinha Dorothy que dizia que "não há lugar como o nosso lar", não tinha um lar para viver e criar os filhos.

O roteiro trabalha esse sentimento de exploração e sacrifício, e mesmo que o filme tenha problemas consideráveis de edição  é uma obra que vale a visita. Seja por Zellweger ou seja por Judy Garland. O final emociona.

7.5

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