Maior parte da população acredita que moeda corrente é a melhor forma de conseguir descontos e controlar os gastos do mês

 

O dinheiro vivo é o meio de pagamento mais comum dos brasileiros, segundo uma pesquisa feito pelo instituto de pesquisas Locomotiva, de São Paulo. Ela mostra que 71% das pessoas prefere pagar com moeda corrente no dia a dia, à frente do nicho de cartões (débito, com 24% das preferências, e crédito, com 4%).

 

O mesmo instituto publicou outra pesquisa apontando, por outro lado, que a fatura do cartão de crédito é a dívida mais comum entre os consumidores brasileiros – 54% dos inadimplentes.

Segundo os dados, as pessoas de classes mais baixas são as que mais usam esse tipo de pagamento – mesmo com modelos de cartão sem anuidade oferecido por lojas e fintechs. Entre os estratos D e E: 89% pagam principalmente com dinheiro vivo, número que cai para 81% entre a classe C e 49% nas classes A e B.

 

Ao contrário, os mais ricos usam o cartão de débito com mais frequência. Enquanto 43% dos membros das classes A e B declaram pagar cotidianamente com cartão, apenas 15% das pessoas na classe C dizem usá-lo – nas classes D e E, esse volume é de 10%.

 

“A gente nota que o dinheiro vivo tem uma grande circulação entre pessoas que, principalmente na crise, precisaram barganhar preços menores na mercearia do bairro, por exemplo. Elas ainda notam que usar dinheiro dá mais chances de conseguir um desconto”, analisou o presidente do instituto, Renato Meirelles.

 

“Muita gente também paga em espécie porque vai administrando melhor os gastos do mês. Nesse caso, a lógica é simples: as pessoas vão notando a diminuição das cédulas na carteira e vão dosando as compras que elas fazem, ou então saem de casa com o dinheiro contado”, completou.

 

Pessoas fora do mercado de trabalho estão entre as que mais usam dinheiro vivo como principal forma de pagamento: 88% dos desempregados e 81% das donas de casa. No entanto, trabalhadores informais também estão nesse bolo: 81% dos que têm empregos sem carteira assinada, por exemplo, dizem que utilizam principalmente cédulas e moedas no dia a dia.

 

Considerando as faixas etárias, por sua vez, jovens entre 18 a 29 anos (80%) são muito mais adeptos do dinheiro vivo do que adultos entre 30 a 39 anos (65%), por exemplo.

 

Para Meirelles, ao contrário, os cartões bancários são usados em compras de maior valor ou, no caso dos mais pobres, quando o dinheiro acaba antes do final do mês. “Muita gente chega na primeira quinzena sem dinheiro para pagar todas as contas e, então, recorre ao cartão de crédito – pessoal ou de parentes – para conseguir chegar até o final do mês”, finalizou.