Porque hoje é domingo, tem futebol na pauta do brasileiro – com a exceção dos que abominam o esporte mais popular do planeta. O Cruzeiro das Minas Gerais finalmente conseguiu chegar à segunda divisão. Fez um tremendo esforço durante todos os jogos que disputou. Em 2020, o time de Thiago Neves e Fred será adversário dos nossos CSA e CRB na segundona. O Ceará escapou da queda. E eu quase torcia contra o time nordestino – porque afinal o treinador Argel Fucks fez o que fez, deixando claro seu caráter duvidoso.

No jogo que sacramentou o rebaixamento do Cruzeiro, que mais uma vez perdeu em casa, desta vez para o Palmeiras, por 2 a 0, houve confusão nas arquibancadas. Embora a coisa tenha sido contida pela PM, sem violência nem abuso da força bruta, houve as tais cenas lamentáveis por parte dos mais exaltados. Como sempre, valentões botam pra fora todo o ressentimento de suas vidinhas medíocres.

É o que eu penso quando vejo marmanjos arrancando cadeiras e jogando no gramado. O mesmo vale para a histeria dos que procuram briga diretamente com os policiais que tentam evitar o tumulto. Já na reta final do jogo no Mineirão, um bando de desajustados estava decidido a provocar um incidente mais grave. E olhe que a partida teve torcida única por decisão da Justiça mineira.

Na verdade, o jogo não chegou ao fim na contagem normal do relógio. Devido ao clima tenso nas arquibancadas, com ameaça de invasão do gramado, o juiz encerrou a partida aos 42 minutos, mais ou menos. Ninguém do Cruzeiro reclamou porque, àquela altura, a parada estava liquidada. Além de perder para o Palmeiras, os mineiros sabiam que o Ceará empatava com o Botafogo.

Enquanto isso na Vila Belmiro, o Santos de Jorge Sampaoli fulminava o Flamengo de Jorge Jesus. E foi de goleada, 4 a 0. Uma vitória santista seria algo perfeitamente natural, mas com um placar esticado como foi, aí sim houve surpresa. Atarantados comentaristas, nos variados canais esportivos, batem cabeça para “explicar” o Peixe arrasador sobre o Mengo. É um campeonato de marmotas.

Em Maceió, o CSA encerrou sua participação na chamada elite do futebol nacional com mais uma derrota. Perdeu para o São Paulo por 2 a 1. Claro que a missão era duríssima para o Azulão. Manter-se na Série A é um desafio que requer soluções acima da média. Como diria um certo filósofo das quatro linhas, nenhum time sobe na tabela se não arriscar uma estratégia “fora da zona de conforto”.

O ano de 2019 marcou a estreia do árbitro de vídeo no Brasileirão. E o VAR, como é conhecido mundo afora, provocou uma antologia de exotismos, baixarias e “desabafos” descabidos por parte de jogadores, treinadores e cartolas. A cada entrevista coletiva, depois dos jogos, já sabíamos que haveria um desfile de “indignados”, todos a condenar as decisões a partir da nova tecnologia.

Houve até dirigentes de clubes que tentaram anular jogos, sob a alegação de erros graves cometidos pelo VAR. Tudo chororô de mau perdedor. Ao longo de toda a temporada, a repetição tediosa de ataques verbais contra juízes e bandeirinhas confirma o atraso mental dos que fazem o futebol no país da feijoada. Aqui, basta a bola correr, e jogadores já estão berrando no ouvido do árbitro.

Finalmente, fechando esta resenha, comento a notícia sobre um novo Centro de Treinamento para o CSA. Despejada do Mutange, graças ao ataque da Braskem no subsolo da região, a cartolagem do clube anuncia que Rio Largo será a sede do CT a ser construído. Num vídeo, o presidente Rafael Tenório celebra um tipo de parceria com o prefeito Gilberto Gonçalves... Que não saia um gol de mão.

Fecharia a resenha no parágrafo acima, como escrevi, mas tenho de registrar algo mais. O Brasileirão começou e terminou sob o signo de sempre. Desorganização no calendário, rasteira contra o torcedor e armações entre cartolas e torcidas organizadas. Tudo isso é muito velho e muito atual entre nós. Como não dá pra esconder os fatos, 2020 promete mais da mesma bola fora.