Inconsequente, incapaz, infeliz, irresponsável, criador de crises e de casos. Esse é e sempre foi o ex-capitão Jair Bolsonaro.

Depois do vídeo publicado em sua conta no Twitter em que se compara a um leão rodeado e atacado por hienas representadas por símbolos do STF, ONU, partidos de esquerda, imprensa e até do seu próprio partido, o PSL, se desculpou e pediu desculpas.

"Me desculpo publicamente ao STF, a quem por ventura ficou ofendido. Foi uma injustiça, sim, corrigimos e vamos publicar uma matéria que leva para esse lado das desculpas”, disse Bolsonaro ao Estadão (leia aqui) em Riad, na Arábia Saudita, onde cumpre agenda de viagem.

O arrependimento do presidente só ocorreu após uma reação dura e correta do ministro do Supremo Celso de Mello que, em resposta encaminhada após questionamento da Folha (leia aqui) sobre o vídeo, reclamou do atrevimento presidencial sem limites:

 “A ser verdadeira a postagem feita pelo Senhor Presidente da República em sua conta pessoal no “Twitter”, torna-se evidente que o atrevimento presidencial parece não encontrar limites na compostura que um Chefe de Estado deve demonstrar no exercício de suas altas funções, pois o vídeo que equipara, ofensivamente, o Supremo Tribunal Federal a uma “hiena” culmina, de modo absurdo e grosseiro, por falsamente identificar a Suprema Corte como um de seus opositores.

Esse comportamento revelado no vídeo em questão, além de caracterizar absoluta falta de “gravitas” e de apropriada estatura presidencial, também constitui a expressão odiosa (e profundamente lamentável) de quem desconhece o dogma da separação de poderes e, o que é mais grave, de quem teme um Poder Judiciário independente e consciente de que ninguém, nem mesmo o Presidente da República, está acima da autoridade da Constituição e das leis da República.

É imperioso que o Senhor Presidente da República —que não é um “monarca presidencial”, como se o nosso país absurdamente fosse uma selva na qual o Leão imperasse com poderes absolutos e ilimitados— saiba que, em uma sociedade civilizada e de perfil democrático, jamais haverá cidadãos livres sem um Poder Judiciário independente, como o é a Magistratura do Brasil.”