Ivan Barros completou na quinta-feira, 24 de outubro, 76 anos de idade. Ele tem mais de 32 livros publicados e é fundador desta Tribuna do Sertão. Entre 1971 e 1979, foi repórter da antiga revista “Manchete”, no Rio de Janeiro, onde cobriu as mortes de Juscelino Kubitschek (“Eu fui o primeiro jornalista a chegar ao local do acidente”) e de Carlos Lacerda (“Ouvi uma enfermeira dizendo que haviam dado uma injeção no Lacerda, mas o pessoal da revista não me deixou publicar a informação”).

Quando passou num concurso para Promotor de Justiça, Barros deixou a carreira de jornalista de lado e retornou a Alagoas. Mas o que ele nunca abandonou foi o apreço, alimentado desde a juventude pela obra de Graciliano Ramos.

Em sua casa, guarda com carinho uma série de fotos e objetos ligados ao ilustre ex-prefeito da cidade, com destaque para os exemplares originais do jornal “O Índio”, editado em Palmeira dos Índios na década de 20, com a participação do escritor de Vidas Secas.

Ivan tem também três livros lançados sobre a trajetória de Graciliano.

– “Ele deixou uma influência enorme com seus relatórios como prefeito. Mas não foi um político como os outros. Ele próprio escreveu que, se disputasse a reeleição, não teria mais de 10 votos. Ainda assim, é lembrado como bom prefeito pelo zelo que tinha com o erário. Há quem diga que a Lei de Responsabilidade Fiscal nasceu por inspiração dele” – conta Barros, que não chegou a conhecer Graciliano.

– “Ele foi um patrimônio da nossa cidade. Anos depois de sua morte, tentei movimentar a imprensa para trazer seus restos mortais para Palmeira dos Índios, mas não consegui”, relata Ivan Barros.

Inauguração do Centro de Cultura de Palmeira dos Índios e o lançamento da coleção do Jornal “O Índio” estão em andamento

Aos 76 anos e incansável. Ivan Barros prepara-se agora para um dos projetos mais destacados de sua vida. A criação do Centro de Cultura de Palmeira dos Índios.

Dono de um acervo histórico e de memória inigualável – fruto de suas pesquisas por toda sua vida, o escritor palmeirense foi mais ousado e adquiriu um imóvel com recursos próprios situado na Rua Otávio Cavalcante, no Centro da cidade, próximo ao novo Fórum e vai erguer ali, um local de cultura com direito a auditório para 100 pessoas. A ideia que já acalentava há tempos, foi incentivada por Francisco Sales , o criador da Casa do Penedo, seu amigo e confrade da Academia Alagoana de Letras, que em carta  antes de falecer no ano passado, impulsionou Ivan a realizar este sonho para todos os palmeirenses.

O imóvel será todo reformado e em breve estará oferecendo ao cidadão palmeirense e aos turistas um espaço de memória e cultura com a dignidade que os órgãos públicos não oferecem à história e aos equipamentos de cultura local.

O Índio

Outro projeto de Ivan Barros – já em andamento com a digitalização do acervo – é a publicação da coleção do Jornal “O Índio”. Além do jornal, o escritor trará no trabalho fotografias da época – do semanário que foi fundado por Padre Macedo e  teve colaboradores ilustres como Odon Braga e o mestre Graciliano Ramos.

O livro terá edição de luxo e será impresso em parceria com o Governo de Alagoas que abraçou o projeto igualmente fez com o Jornal Correio da Pedra, que também circulou na década de 20 no interior de Alagoas e se tornaram históricos pela importância de seu conteúdo e de seus colaboradores.

Daqui desta Tribuna, prestes a completar 24 anos de existência, as homenagens dos que fazem este jornal ao aniversariante e seu incansável fundador.

Parabéns, grande guerreiro das letras alagoanas.