A trajetória política de José Renan Vasconcelos Calheiros iniciou-se no final da década de 70, quando ainda era estudante universitário e já mostrava sinais que iria seguir na carreira política, inclusive vindo a presidir o diretório acadêmico na área de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Federal de Alagoas. Renan filiou-se ao MDB e nas eleições de 1978 foi eleito deputado estadual com 9.506 votos, ficando em 13º lugar das vinte e uma vagas em disputa. Na época, o prefeito de Maceió era Fernando Collor de Mello, o qual foi alvo de críticas contundentes de Calheiros. Em seus discursos na Assembleia Legislativa de Alagoas Renan chamava Collor de “o príncipe herdeiro da corrupção”.
A eleição de 1982 foi a primeira eleição direta em Alagoas depois de 1960, logo, por vinte e dois anos todos os governadores que sucederam o governador da época Luiz Cavalcante foram nomeados. O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) era o maior partido de oposição em Alagoas. O espírito de mudança que permeava a sociedade alagoana, principalmente a da capital, fez a oposição ter uma excelente votação naquela eleição. Renan Calheiros (PMDB), foi eleito deputado federal com 50.610 votos, ficando em segundo lugar das oito vagas em disputa.
O ingresso de Fernando Collor no PMDB em 1985 levou vários membros do partido a criarem um “bloco dos autênticos” e a resistirem à possível candidatura de Collor ao governo do Estado, porém, foram derrotados pelos caciques do partido, entre eles Renan Calheiros, os quais referendaram a candidatura de Collor ao governo de Alagoas nas eleições de 1986. A escolha de Fernando Collor para ser candidato do partido, fez o “bloco dos autênticos” sair do PMDB e criar a “Frente Popular”, buscando a construção de uma terceira via rumo a sucessão do governo do Estado. Naquela eleição Renan foi reeleito deputado federal com 54.888 votos, ficando em segundo lugar das nove vagas em disputa.
Nas eleições de 1988 para prefeito de Maceió, Renan Calheiros, agora filiado ao PSDB, foi candidato a prefeito tendo Guilherme Palmeira como seu principal concorrente. Apesar da coligação que reunia doze partidos e pelo fato de ter sido na Constituinte de 1988 considerado um parlamentar “nota 10” pelo DIAP; não foram suficientes para a vitória de Renan. O principal fator para sua derrota foi ter sua imagem vinculada à gestão caótica do prefeito Djalma Falcão. Renan Calheiros ficou em segundo lugar naquele pleito com 60.985 votos.
Nas eleições de 1990 para o governo de Alagoas, Renan Calheiros foi candidato, agora filiado ao PRN e teve Geraldo Bulhões como seu principal concorrente. Em todas as pesquisas realizadas pelos institutos (Gallup, Datafolha e Ibope), durante a campanha do primeiro turno ,Renan Calheiros aparecia com vantagem acentuada sobre o candidato Geraldo Bulhões. A eleição foi marcada por fraude eleitoral. O TRE anulou 247 urnas na capital e interior, marcando eleições suplementares para o primeiro turno. O Presidente Fernando Collor de Mello ficou indiferente no primeiro turno das eleições, levando o candidato Renan Calheiros a romper com ele. O rompimento com o Presidente Collor levou Renan a perder suas bases em vários municípios, como também levou-o a perder os espaços nos veículos de comunicação da Organização Arnon de Mello. Além desses fatores, o empenho do governador Moacir Andrade e o isolamento de Renan determinaram a sua derrota.
Renan Calheiros ao longo de tantas disputas eleitorais firmou uma duradoura aliança com o senador Téo Vilela, em que ficaram conhecidos como “irmãos siameses”. Foram eleitos senadores em 1994 - Téo com 331.452 votos (33,74%) e Renan com 235.332 votos (23,96%); tendo sido reeleitos em 2002 - Renan com 815.136 votos (42,27%) e Téo com 762.675 votos (39.55%). Nas eleições de 2006 Vilela foi candidato ao governo do Estado e o médico José Wanderley foi indicado por Renan para ser o vice. Téo foi eleito no primeiro turno com 733.405 votos (55,85%), tendo João Lyra ficado em segundo lugar com 400.678 votos (30,51%). A eleição de 2006 para o governo do Estado de Alagoas foi uma das mais questionadas ao longo da história no quesito “resultado”.
Nas eleições de 2010 os “irmãos siameses” fizeram caminhos diferentes; Téo Vilela foi candidato à reeleição ao governo fazendo uma dobradinha com Biu de Lira para o senado; enquanto que Renan Calheiros foi candidato à reeleição para o senado apoiando Ronaldo Lessa ao governo. Apesar de ter a máquina do Estado a seu favor e uma estrutura rica de campanha, Vilela venceu as eleições de Ronaldo no segundo turno, por apenas 5,48%. Nesta eleição Renan Calheiros foi reeleito para o senado em 2º lugar com 840.809 votos (33,42%).
As eleições de 2018 foram marcadas pela desistência de nomes que estavam bem situados para o senado da República. Teotônio Vilela Filho, com três mandatos de senador e dois de governador seria um candidato natural ao senado, porém o mesmo não disputou o pleito. Ronaldo Lessa, que em todas as pesquisas para o senado aparecia entre os primeiros colocados, desistiu da disputa e foi candidato à eleição para deputado federal. Rui Palmeira, que tinha capital político para concorrer ao senado ou ao governo, desistiu também e Alfredo Gaspar de Mendonça, o qual também se destacava nas pesquisas, resolveu continuar seu trabalho junto ao Ministério Público. Todas estas desistências favoreceram a reeleição de Renan para o senado. Calheiros foi reeleito com 621.562 votos (23,88%), ficando em segundo lugar no pleito.
Apesar de uma longa carreira política, Renan Calheiros, parece que ainda tem fôlego para novas disputas eleitorais.