A mãe desabafa sobre sua menina que tem 12 anos e uma tristeza profunda:
"Vive pelos cantos, com um olhar longe, como se tivesse uma vazio grande dentro dela. Procuro conversar, fico sempre junto dela, mas, a tristeza só aumenta.
Não quer mais ir à escola, e não sei porque isso está acontecendo com minha menina. Levei ela ao médico e ele disse que estava parecendo depressão e ansiedade e passou um monte de remédios. Eu não quero dar esses rémedios todos, minha filha é muito nova- disse isso ao médico e mandou levar para um psicólogo. Fui com ela. Faz alguns meses que está em tratamento e nem gosta de ir, tem medo da rua e quando tem que sair de casa passa mal. Fica muito nervosa.
Meu medo é que ela tem muitos pensamentos suicidas. Fala nisso pra mim e eu me sinto morta por dentro.
Como ajudar minha filha?"- pergunta ela.
Suicídio na infância e adolescência
A ideação suicída é comum na idade escolar e na adolescência; as tentativas, porém, são raras em crianças pequenas. Tentativas de e suicídio consumado aumentom com a idade, tornando-se comuns durante a adolescência.
Crianças suicidam com fatores desencadeantes: discussão com os pais, problemas escolares, perda de entes queridos e mudanças significativas na família.
Até os 6 a 7 anos a criança encontra-se na fase do pensamento pré-lógico, com predomínio do pensamento mágioco, com dificuldade de simbolizar e conceituar o que chega sob forma de percepção.
Aos 11 a 12 anos, há passagem do pensamento concreto para o pensamento abstrato, Estágio das Operações Formais (PIAGET , 2000). Nesta etapa surge a preocupação com a vida após a morte (Toress, 1999).
O jovem entra no mundo através de profundas alterações no seu corpo, deixando para trás a infância e e é lançado num mundo desconhecido de novas relações com os pais, com o grupo de iguais e co m o mundo.
Assim, invadido por forte angústia, confusão e sentimento de que ninguéjm o entendem, que está só e que é incapaz de decidir corretamente seu futuro.
Isso ocorre, principalmente, se o jovem estiver num grupo familiar também em crise, por separação dos pais, violência doméstica, alcoolismo ou doença mental de um dos pais, doença física ou morte (Resmini, 1997).
O jovem que considera o suicídio comum a solução para seus problemas deve ser observado de perto, principalmente se estiver se sentindo só e desesperado, sofrendo a pressão de estressores ambientais, insinuando que é um fardo para os demais. Pode chegara dizer que a sua morte seria um alívio para todos.
Precisamos falar sobre suícidio na infância e juventude.