Nosso povo tem mania de procurar messias capazes de resolver seus problemas e sempre nos damos mal. É difícil acreditar na realidade que nos envolve e não percebemos nossos problemas verdadeiros. Principalmente se ela é muito ruim. Aliás, isso tem sido a tônica do nosso país. Sempre estamos procurando a cura, mas usamos remédios equivocados.
Não somos um país rico! O melhor critério para avaliar isso é verificar a nossa produtividade vis a vis os demais países. Tem-se que verificar a razão entre os insumos gerados e o produto gerado por nossa economia - a nossa produtividade é muito baixa. Precisamos ter intrínseco em nossa consciência coletiva os problemas que temos que enfrentar. Buscar um planejamento de ações e medidas para enfrentar e ter paciência, foco e determinação para melhorar.
A década de 80 que foi considerada perdida. Sem avanços econômicos e sociais. Aquele período foi um laboratório de tentativas e não saímos do lugar. Me nego a acreditar que nossa sociedade não conseguiu aprender. Será que esquecemos do que é viver com inflação? Viver numa sociedade onde ninguém sabe o valor real das coisas? Foi a Era de Ouro dos especuladores no Brasil.
O Brasil possui um grande déficit corrente, sendo a previdência sua maior despesa. É importante ficar claro que, ao aprovarmos uma reforma no sistema previdenciário, ela apenas fará essa despesa crescer menos. Ela não vai diminuir como num passe de mágica. O nosso buraco fiscal continuará lá. Então, serão necessárias diversas reformas para ir diminuindo esse buraco. Nosso orçamento público é absolutamente vinculado e como aplicar recursos escassos se não há liberdade para a sociedade decidir em que programas vale a pena investir? Não adianta termos aprovado o Teto de Gastos neste cenário. Faz sentido subsidiar setores econômicos ineficientes que apenas melhoram seus lucros e não melhoram sua produtividade?
Nosso federalismo fiscal está absolutamente doente com diversas sobreposições de competências, onde Estados e Municípios não conseguem pagar suas contas. É um ralo onde perdemos energia e recursos pela falta de coordenação de políticas públicas. E o pior de tudo: para manter o paradigma federativo, geramos um sistema tributário absolutamente insano. Fica difícil explicar para investidores internacionais quanto pagará de tributos e o que terá que fazer. Sem falar o enorme contencioso tributário administrativo e judicial.
Será que continuaremos perdendo tempo e o fim do boom demográfico favorável discutindo bobagens enquanto somos engolidos pelos problemas?
Somos um país pobre e diferente entre cada região, que possui demandas e necessidades absolutamente diversas. Precisamos de boas instituições, de segurança dos direitos de propriedade, que haja isonomia jurídica entre todos os atores econômicos. A existência deste arcabouço possibilitará que os retornos sejam diretamente proporcionais à boa gestão das empresas e empreendimentos. E não como é hoje dependendo de fatores de príncipe, sorte e de um mercado pouco competitivo.
Assim, precisamos construir reformas regulatórias e também em nossas instituições governamentais. O crescimento econômico não virá de uma única medida, mas como já falei de um conjunto de providências. Do contrário, teremos outra década perdida e um ajuste absolutamente nocivo pela volta da inflação e da recessão.
George Santoro